domingo, 24 de novembro de 2019

Os ovos em que se acoitam as venenosas serpentes


Os programas sobre História incitam-nos a conjeturar  possibilidades alternativas, que teriam poupado muitas vidas e sofrimento se algumas ameaças, depois concretizadas, tivessem sido atempadamente contrariadas por quem teria capacidade para o fazer. Imagine-se o que teria acontecido se a Inglaterra já tivesse Churchill como primeiro-ministro em vez do medíocre Chamberlain. E que a Frente Popular espanhola tivesse merecido o apoio das democracias, quando liderou a primeira frente de batalha contra os mercenários alemães, italianos e ... portugueses. Daí a importância que a disciplina deve assumir no ensino público como forma de instruir os jovens nos erros passados que deverão evitar no futuro.
Vem isto a propósito da notória infiltração da extrema-direita nos corpos policiais como ficou detetada na manifestação desta semana e inequivocamente ateada pelo execrável comentador da SIC no domingo anterior. «Opiniões» como as que então proferiu, secundadas pelas de muita gente, que sobrevaloriza as reivindicações em causa como se elas não se enquadrassem no contexto geral de insatisfação de tantas classes profissionais, legitimamente ansiosas por condições de vida mais bonançosas, tenderam a banalizar a dinâmica lançada por um movimento clandestino que, no discurso e nos símbolos, não engana ninguém quanto ao que o mobiliza.
Acaso não sejam tomadas medidas expeditas para identificar e neutralizar os principais instigadores do inaceitável comportamento de agentes que insultam verbalmente os políticos, ou lhes viram costas enquanto discursam, e celebram no seu seio o fascista que conseguiram fazer eleger para a Assembleia da República, poderemos vir a lamentar a prazo que a venenosa serpente não tenha sido esmagada no ovo enquanto nele ainda estava a chocar. E olhando para outra horda de bárbaros em que essa mesma extrema-direita se acoita - a das claques do futebol! - poderemos vir a lamentar que Pinto da Costa, Luís Filipe Vieira e outros presidentes dos principais clubes não ajam a exemplo de Frederico Varandas, que tomou a decisão mais sensata perante as circunstâncias constatadas pela Justiça ao levar a julgamento os energúmenos envolvidos no assalto á Academia de Alcochete. É que, além de antros fascistas, as sedes das claques também tendem a constituir-se como espaços organizativos das mais nefandas formas de criminalidade.
Eu que até nada tenho a ver com o Sporting, passei a admirar a coragem do seu presidente...
(A imagem refere-se a hooligans búlgaros, mas ninguém se iluda com ter a ver com realidade de outras paragens: os nazis existem e estão entre nós!)

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