sábado, 9 de novembro de 2019

Volta Lula!


Porque a noitada de ontem foi de pura diversão, comecei a manhã a procurar as imagens televisivas há muito esperadas: a da libertação de Lula.
Liguei para o Jornal-Síntese da SIC Notícias e o que deparei foi com um jantar do Sporting, uma reportagem sobre o jogo do Benfica neste fim-de-semana, a repetição das imagens sobre o caso da criança encontrada num ecoponto, os lucros da CGD e os prejuízos do Novo Banco. Sobre a notícia mais relevante de ontem, e que marcará significativamente o futuro próximo daquele que ainda é tido como um país-irmão, népia. E assim se comportam os responsáveis pelas edições das notícias, que nos são servidas ao pequeno-almoço! Que, afinal, em nada se distinguem dos que cuidam de no-las servir à hora do almoço ou do jantar!
Elucidativo foi o silêncio do jagunço da IURD relativamente à notícia da decisão do Supremo Tribunal e seu subsequente desenvolvimento. A exemplo do seu émulo norte-americano, cujo impeachment será daqueles processos que não matam, mas moem, vê-se acossado por todos os lados, dada a completa incompatibilidade entre as suas competências e feitio com o cargo para que, absurdamente, foi eleito. Muitos dos que tudo fizeram para o promoverem - desde a Globo a alguns setores militares e da Justiça - já olham para o resto da América Latina e adivinham o que podem vir a esperar. Daí que não estranharia que o ainda ocupante do Palácio do Planalto andasse com insónias sem remédio. Porque deve sentir algo de semelhante ao de quem se vê a desequilibrar numa alta escadaria e procura manter-se na vertical saltando de dois em dois degraus, depois de quatro em quatro, porque a velocidade torna-se vertiginosa e sabe inevitável o tombo de que sairá imprevisivelmente dorido.
A rápida transformação do slogan «Lula Livre» em «Volta Lula» assinala a saída da esquerda brasileira do estranho torpor, que a neutralizou desde a prisão do seu mais representativo símbolo. E se a extrema-direita julgou silencia-lo, provavelmente assassina-lo (vide o estranho caso em que a sua mudança para uma prisão de pior fama só foi travada no derradeiro instante pelo setor da Justiça, que não se compadeceu com o seu lado mais pútrido!) vê-o agora ressurgir ainda mais determinado a pôr cobro ao ignóbil festim que já dura há tempo demais...

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