quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Notícias que não houve como as silenciar


Voltemos às coisas sérias, agora que - despachados outros compromissos! -, a disponibilidade volta a ser outra para olhar a realidade à nossa volta e dar-lhe sentidos, que possam acrescentar algo às banalidades com que são abordadas nas manchetes dos jornais ou no encadeamento narrativo dos telejornais. Ou nem sequer são mencionadas, como quase sempre se verifica, ao omitir-se o que possa contrariar os interesses dos presumíveis donos do que nos é dado como informação.
O indesmentível facto de o desemprego estar-se a aproximar da meta simbólica dos 6% não tinha como ser contornada pelas direções de (des)informação, apesar de confirmar os benefícios da governação socialista.  Ao contrário do que os patrões andaram a defender, incentivando Passos Coelho a ir além da troika, porque só com baixos salários conseguiriam os ganhos em competitividade e em produtividade capazes de nos pôrem a rivalizar com o Bangladesh ou o Vietname, o aumento do salário mínimo em quase 20% ao longo da legislatura anterior pôs mais dinheiro nos bolsos dos portugueses, levando-os a aumentar os padrões de consumo e a estimular a procura interna essencial para o reiterado aumento do PIB.
É certo que muitos dos que conseguem entrar no mercado do trabalho auferem salários miseráveis - os 750 euros previstos para 2023 continuarão a ser manifestamente insuficientes para um padrão de vida minimamente aceitável - mas, como dizia o poeta António Machado, o caminho vai-se fazendo andando, e a determinação do governo é a de não possibilitar qualquer recuo na inércia de movimento já encetada.
As mesmas direções de informação também não conseguiram escamotear a enorme ovação dedicada a Edward Snowden na abertura da Web Summit e que constituiu uma ruidosa condenação da criminosa agenda norte-americana para controlar os fluxos de informação a nível mundial.  Bem podem a Casa Branca, a CIA ou o Pentágono apresentarem Snowden, Assange ou outros whistleblowers como criminosos, que a opinião pública mundial reflete uma perspetiva exatamente oposta.  E, aspeto óbvio do mesmo acontecimento é a constatação de as mulheres serem quase metade da assistência no Pavilhão Atlântico ou na FIL, confirmando que, apesar de quem queira afiançar o contrário, o mundo anda mesmo a pular e a avançar.

Sem comentários:

Enviar um comentário