sábado, 2 de novembro de 2019

Os rostos da semana e um continente em estado de catástrofe


Chegados a este fim-de-semana prolongado, e minguando as notícias interessantes na política nacional, até porque o nosso cateterizado personagem escusou-se a dar-nos mais do que a confirmação dos seus injustificados receios hipocondríacos, vale a pena olhar para os rostos da semana e selecionar alguns que nos deram ensejo a alguma perplexidade. Por exemplo Rui Rio, cuja intervenção no debate do programa de governo mereceu de António Costa a hipótese de o ver em acelerado estágio para reciclar-se em comentador televisivo. Ou Cristas de quem Luciano Alvarez aventou o desânimo de quem parecia de mal com este mundo e todos os outros. Ou o Ventura cuja intervenção mereceu do mesmo jornalista a ilusão de ter engolido uma ruidosa fanfarra balcânica. Ou ainda, e a terminar, o superprivatizador da Iniciativa Liberal, que deu às de vila-diogo tão-só constatou preferível ir tratar da vidinha. E para onde? Pasmem-se as nossas almas! O feroz anticomunista voltou para a República do Vietname onde parece ter enganado os anfitriões quanto à condição de guru axiomático das Economias! Pobres estudantes da Universidade para que se fez convidado!
Quem tem competência e determinação de sobra é a nova ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública - Alexandra Leitão - de quem Pedro Adão Silva disse que se não for ela a conseguir os objetivos a que se propõe, mais ninguém o conseguirá. Numa entrevista de seis páginas ao «Público» compromete-se com a revisão das carreiras especiais, com a boa, inovadora e partilhada gestão dos recursos humanos (nomeadamente entre a Administração Central e as locais), com a continuação do Simplex e com a desconcentração de serviços para virem a ser tutelados pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional. Não ficam dúvidas quanto à intenção de fazer mais e melhor nos próximos quatro anos.
Olhando lá para fora vale a pena determo-nos no ensaio recém-publicado pelo antigo ministro da Economia do Togo entre 2013 e 2015 que, em «L’Urgence Africaine. Changeons le modele de croissance», denuncia as políticas de inspiração neoliberal no seu continente e responsáveis pelo fluxo migratório em direção à Europa, saldado por tantos mortos quer na travessia do Sahara, quer do Mediterrâneo. Kako Nubupko considera ainda remanescente o modelo de escravatura colonial, favorecido por um crescimento demográfico insensato, que exige políticas ativas dos governos no sentido de o travar. De alguém, que nunca nos chamara a atenção, fica um libelo cáustico e sagaz sobre um continente em permanente estado de catástrofe.

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