Marcelo não o escondeu na entrevista à TVI: o seu objetivo é acabar com a maioria de esquerda no parlamento. E esse será o grande estímulo para se recandidatar, confiante em encontrar o almejado ensejo...
A propósito dos três anos de mandato como Presidente, Marcelo foi à TVI explicar que encontrara motivação para se candidatar ao cargo por ter considerado haver «esquerda excessiva» no cenário político de 2015.
Não era preciso ser tão franco, que nós já o sabíamos: a razão para estar em Belém prende-se com a incapacidade do PSD e do CDS em encontrarem um discurso motivador para que o eleitorado se dissocie dos partidos das esquerdas e lhes dê uma maioria parlamentar, que aumente ainda mais a divergência de rendimentos entre os muito ricos e a generalidade da população portuguesa. Perante essa situação Marcelo lá está para vetar o que estiver ao seu alcance para impedir os reequilíbrios de rendimentos no sentido de uma menor desigualdade e, sobretudo, utilizar a oportunidade suscitada por um evento de exceção, justificativo de uma dissolução parlamentar.
Ele mesmo o disse na entrevista: decerto arrependido de ter deixado escapar os incêndios de 2017 para avançar com essa dissolução, confessa ter estado preparado para o fazer no ano seguinte se eles se repetissem. O que é um sinal inquietante dado aos incendiários conotados com os interesses das direitas, mormente das celuloses (e lembremos que a Cofina é dos grandes grupos do setor!): tão só lavrem grandes incêndios no país e Marcelo manda os deputados para casa e convoca novas eleições.
Ficamos, pois, avisados: é crível que, neste ano de eleições em outubro, os incendiários se poupem para atacar em força no ano seguinte quando, muito provavelmente, já se tiver repetido a maioria absoluta das esquerdas na Assembleia. Em 2020, com as florestas novamente verdejantes, e com as direitas ainda a falarem consigo mesmas, os ateadores de incêndios poderão voltar ao ativo, cientes de terem em Marcelo o cúmplice, que lhes cumprirá os desígnios.
Perante tão explícitos esclarecimentos do entrevistado ocorre questionar: será que as esquerdas serão imprevidentes o bastante para que lhe facilitem o acesso a um segundo mandato? Muito embora ouça amigos bastantes a dissuadirem-me da expetativa de vir a ter um presidente de esquerda no próximo quinquénio, dela não abdico. Porque o país carece ter na suprema magistratura um Presidente em convergência com a maioria sociológica, que quer progresso e justiça social, e não quem se vai ocupando com selfies e abraços enquanto não vê chegado o momento mais oportuno para soltar o seu veneno letal...
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