Eis-nos no culminar no tempo dos patetas na política. Mas patetas perigosos, entenda-se. Porque são guiados na sombra por quem possui um sentido de humor menos atoleimado e guia-se por sinistro projeto ideológico. A sua habilidade está na repetição do que intentavam os imperadores romanos com os seus coliseus: distraem-se os incautos cidadãos com aparente diversão e prepara-se o chicote com que os fustigar, quando derem conta do logro em que terão caído, agindo no sentido da crescente contestação.
A eminência parda do Movimento 5 Estrelas em Itália, o esquivo Davide Casaleggio, que manipula Luigi Di Maio como lerda marioneta, tem uma frase elucidativa quanto ao seu pensamento: “uma formiga não deve saber como funciona o formigueiro, porque, de outro modo, todas as formigas ambicionariam desempenhar os melhores papéis e os menos fatigantes, criando um problema de coordenação”.
A metáfora denuncia-lhe o propósito totalitário de manter a grande maioria dos italianos na inconsciência da sua importância social, aperrando-os a uma máquina produtiva detida pelos patrões privados, que funcionam como uma elite plutocrata. Para consolidar essa nova forma de fascismo, Casaleggio é, de facto, o dono do 5 Estrelas, que controla através da Plataforma Rousseau, autêntico sistema nervoso do Movimento. À conta de ilusórias «modernices» como o dos contínuos referendos, através do recurso às redes sociais, para decidir tudo quanto importa ao futuro dos italianos, Casaleggio «vende» a ideia de uma falsa democracia direta, que se substituiria à representativa, que execra como sendo corrupta e dissociada dos cidadãos. Só não confessa a sua capacidade de manipular essas consultas populares, que a sua plataforma se encarregaria de distorcer no sentido de garantirem os resultados, que melhor conviessem á sua estratégia.
A vigarice é hábil e demorará a ser desmascarada como o demonstram as sondagens para as eleições europeias de maio: além de servirem de alavanca à ascensão do parceiro de coligação, ainda mais fascista na sua retórica, os responsáveis pelo 5 Estrelas ainda conseguem iludir 1/4 do eleitorado, que se dispõe a ir votar.
A leste, na Ucrânia, que foi intencionalmente desestabilizada pela CIA, com a conivência de governos europeus subservientes aos interesses, que apenas aproveitarão aos norte-americanos, as eleições de 31 de março levarão à presidência outro palerma, cujo nome é Volodomir Zelenski. Ator de comédias parvas na televisão, sabe-se teleguiado por um oligarca russo, que nele vê a oportunidade de recuperar a influência económica perdida durante o mandato do corrupto Poroshenko. Entre o que sai de cena e o que nela entra, a diferença para o povo ucraniano será idêntica à que possa separar a peste da lepra. Com o país empobrecido por causa da guerra civil, e com os oportunistas a sucederem-se na governação, adivinha-se-lhe futuro assaz problemático.
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