domingo, 10 de março de 2019

Quando o fogo amigo deixa incólume quem deveria ser alvejado


Até compreendo que Catarina Martins se sinta desconfortável com as sondagens tendo em conta a prevista estagnação, senão mesmo recuo do Bloco de Esquerda relativamente às legislativas de 2015. Afinal de pouco tem adiantado o apoio enfático à luta dos professores e até a equívoca colagem à dos enfermeiros, mandando às malvas a necessidade de garantir o equilíbrio financeiro do país. Mas espera-se da líder do partido mais à esquerda no hemiciclo um comportamento ético, que não vem demonstrando nas alegações discursivas do dia-a-dia, avançando para um argumentário com boa dose de demagogia.
Dizer que o governo de António Costa tem financiado o sistema bancário português com o dinheiro de todos nós constitui mais do que uma imprecisão: trata-se de um exemplo inaceitável de desonestidade intelectual. Sobretudo por inculpar quem o tenta reerguer das cinzas e deixa incólume quem o incendiou. E quando equipara o primeiro-ministro ao seu antecessor, incorre no mesmo tipo de comparação, que nos poderia conduzir à sua semelhança com Assunção Cristas no uso da deturpação da realidade, algo que queremos crer por ela entendido como inaceitável.
Perante as sucessivas eleições, que se sucederão ao longo do ano em curso, muitos episódios indignos nos passarão diante dos olhos. Mas, assumido defensor da atual maioria parlamentar e da sua continuidade para além desta legislatura, gostaria de ver as esquerdas fazerem bem melhor do que andarem a distribuir caneladas umas nas outras.

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