sexta-feira, 29 de março de 2019

Gente pouco recomendável


A política internacional está pejada de gente nada recomendável, que tarda em desaparecer do nosso horizonte mediático, dando espaço a quem possui outro sentido do que deve ser uma civilização humana respeitadora dos direitos de quem a integra, mormente no tocante à defesa dos ecossistemas, que lhe possam garantir uma duradoura continuidade.
Olhamos, amiúde, para as notícias e damos com gente sinistra cujo verdadeiro lugar deveria ser no banco dos réus do Tribunal Internacional de Haia por estar tão comprometida com mortes e sofrimentos incomensuráveis.
Viktor Órban, o primeiro-ministro húngaro, é um deles e acaba de receber sábia lição do Presidente angolano, João Lourenço, com quem supostamente se deveria encontrar numa visita a Luanda há muito aprazada. Afinal, alegando indisponibilidade de agenda para receber quem começa a ser tratado como pária pela própria União Europeia, o sucessor de Zédu endossou violenta bofetada diplomática no responsável pela ascensão de uma cultura xenófoba e racista com epicentro em Budapeste.
Na Turquia Erdogan é um siamês do tiranete húngaro. Agora, ameaçado de derrota eleitoral nas autárquicas do fim-de-semana, decidiu proclamar a transformação da Basílica de Santa Sofia em mesquita, acabando com a condição de museu a ela atribuída por Ataturk nos anos trinta do século passado.  Construído no século VI, no fulgor do grande Império Bizantino, ali foram coroados os seus imperadores, até que os Otomanos conquistaram Constantinopla em 1453.
O lendário presidente laico da República turca decidira que o edifício deveria ser um símbolo ecuménico, ali tendo acesso todos os que o desejassem visitar, qualquer que fosse o seu credo religioso, se é que o tivesse. Temeroso de se ver corrido do poder Erdogan tenta na atoarda ganhar uns votos mais que lhe adiem a anunciada queda política.
Na Ásia o sultão do Brunei decidiu impor uma versão musculada da sharia dando força de lei ao apedrejamento, até à morte, de homossexuais, de quem perpetra adultério ou de quem se dá à prática da sodomia. O reverso dessa decisão pode custar-lhe caro, porque, sendo dono dos principais hotéis, que fundamentam a ambição de converter o país num destino turístico de sucesso, já vê pender sobre si a ameaça de boicote dos que poderiam alimentar-lhe os cofres.
O mundo ficaria bem mais higiénico sem lideranças de biltres de tal jaez...

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