terça-feira, 19 de março de 2019

A trapaça madeirense está em perigo


Tenho simpatia pela comissária europeia da Concorrência, Margrethe Vestager, que começámos por conhecer como fonte de inspiração da série dinamarquesa «Borgen», sobre uma primeira-ministra rigorosa na defesa dos padrões éticos mais conformes com o ideal de Democracia. Razão para ter aguardado com expetativa até onde conseguiria romper com as práticas lobistas tão relevantes em Bruxelas.
É certo que, nestes últimos quatro anos os paraísos fiscais localizados no Luxemburgo ou na Holanda não foram beliscados e no da Irlanda, quando a Apple foi ali seriamente sancionada, o próprio governo de Dublin pôs-se como defensor dos interesses de quem ali foge ao fisco.
Agora é a Madeira a estar no alvo de Vestager e as provas incriminatórias sobre a fraude, que constitui essa Zona Franca, justificariam que ela fosse dada como morta e enterrada.
Há, porém, os interesses do PSD, que sempre se serviram desse chapéu-de-chuva de uns quantos vigaristas fiscais, para dele se servirem como bandeira da «excelência» da governação de Alberto João Jardim e de Miguel Albuquerque. Na realidade nem o país, nem o arquipélago insular ganharam o que quer que fosse com a golpada. Apenas os empresários amigos ali se furtaram ao pagamento de impostos sem criarem os prometidos postos-de-trabalho. Razão para dispensar poses compungidas perante o dobre-de-finados, que obrigará uns quantos «empreendedores» a procurarem outras paragens onde lhes continuem a aceitar a postura trapaceira.

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