quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Um major que não é flor que se cheire!


1. Desta feita não tive disponibilidade para assistir ao debate quinzenal na Assembleia da República, mas os jornais e as televisões dão-me conta de se ter tratado de mais um passeio para António Costa. A oposição quis explorar o caso das armas roubadas em Tancos, mas ficou tolhida pela falta de credibilidade do major com a história do subaluguer a turistas do Airbnb da casa facultada pelo Exército. Quiseram igualmente lançar lama sobre a nomeação de um deputado do PS para a administração da ERSE e tiveram de ricochete os nomes de todos quantos nomearam durante os seus governos para cargos similares. E quanto aos professores só o PEV ainda se lembrou que existem...
2. Ainda a respeito do major envolvido na encenação para a devolução das armas roubadas cabe fazer uma pergunta com pertinência: tendo tanto sentido de empreendedorismo para ganhar dinheiro fácil, que vantagens terá colhido de ter querido esconder a identidade dos ladrões? E que dizer de Ricardo Sá Fernandes que sem poder questionar a valia das provas contra o seu constituinte, as explica como fruto de contrainformação do Ministério da Defesa. Será que, ao encobrir o roubo de Tancos o major não incorreu num crime como tal sancionável? Será que ao colher benefícios do cargo, alugando uma casa supostamente atribuída ao filho para nela morar, não incorreu num imoral abuso de confiança?
Nesta história não é o ministro ou o Chefe do Estado-Maior do Exército, quem pior se portaram, mas aqueles que, de facto, pelos atos, prevaricaram.
3. Nessa mesma leitura vai a crónica diária no «Expresso», Daniel Oliveira ao alinhar três razões principais para serem desqualificadas as palavras do major Brazão: “A primeira é que um crime é um crime. E não passa a ser menos crime porque se informou um ministro”. (...) “A segunda, é que o poder político se transformou no aterro para onde todos os que falham querem atirar as suas culpas”. (...) “A terceira é que a palavra de alguém que acabou de participar numa manobra para encobrir um crime e enganar a Justiça não tem, à partida, grande valor”.
Será extemporâneo ilibar Azeredo Lopes de todas as culpas, que lhe andam a atribuir os que querem força-lo a demitir-se, mas o que se vai sabendo sobre ele pouco se pode abonar a seu favor.
4. Os donos das rádios e das televisões andam a abusar da nossa paciência: depois de Ricardo Costa ter contratado Manuela Moura Guedes para a SIC, foi a vez da TSF imitá-la com a apresentação da sua nova coqueluche: a brasileira de Pedrógão.
É claro que podemos fazer o que logo decidi: doravante serei tão rigoroso e evitar a visualização ou a audição de um minuto que seja na SIC ou na TSF, quanto me eximi de frequentar o CCB enquanto o odioso Vasco Graça Moura presidiu ao seu Conselho de Administração. E costumava ser assíduo espetador do que se exibia nos respetivos auditórios, tendo até «cartão de amigo»!
Não basta, porém, a promoção desse boicote. Importa denunciá-lo, porque recorrendo aos seus símbolos mais abjetos, as direitas das opiniões audiovisuais só demonstram a exiguidade dos argumentos que as norteiam. Não havendo substância no que discursam, recorrem a mais comezinha peixeirada como sórdida alternativa...


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