segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Sintomas de fascismo ordinário entre nós


Nos últimos dias, e refletindo o que já constatámos na Inglaterra do Brexit, nos EUA da eleição de Trump e, agora, com a previsível eleição do jagunço brasileiro, tem-se abordado mais frequentemente o fenómeno das fake news entre nós. Descobriu-se que um empresário têxtil de Santo Tirso alimenta uma fonte de mentiras através de um servidor sedeado no Canadá e tivemos um embofiado «sindicato» (os seus dirigentes e associados deveriam ser condenados por associarem um belo conceito social ao seu indigno comportamento!) a publicar fotografias de meliantes apanhados numa operação, que os devolveu aonde pertencem (atrás de grades!), mas completaram a ignomínia com o acrescento de imagens de idosos violentamente agredidos noutras paragens, mas que quiseram imputá-los às vítimas daquele gang.
O debate verificado nas redes sociais entre quem muito justamente repudiou essa difusão de imagens e os que as defenderam, revelou bem o quão perigosos andam estes tempos com gente aparentemente normal a mostrar-se permeável às estratégias do fascismo mais ordinário (em todos os sentidos da palavra, incluindo o francês!).
É certo que estamos habituados às falsidades nos jornais e canal televisivo do grupo Cofina, Mais ainda ouvimos diariamente a líder do CDS a mentir com todos os dentes, que tem na boca, e a pedir mais alguns emprestados. Mas esses são embustes com um mínimo de sofisticação, que podem enganar quem quer ser ludibriado, mas não escapam ao escrutínio de cidadãos um pouco mais esclarecidos. Por isso mesmo o principal jornal da Cofina só se salvou da bancarrota, porque o governo de Passos Coelho o livrou de enormíssimas dívidas fiscais, já que se o negócio se rentabilizasse à conta dos leitores há muito deveria ter fechado as portas. Do mesmo modo, e apesar da sua quotidiana gritaria, Cristas não consegue subir a dois dígitos nas sondagens, sendo crível que entrará na próxima legislatura com um grupo parlamentar minguado em relação ao que tem nesta altura.
A maior preocupação tem a ver com a existência de pessoas funcionalmente analfabetas, que vivem as frustrações de não acederem aos bens de consumo com que as bombardeiam nas publicidades televisivas ou quando vão percorrer os centros comerciais ao fim-de-semana, mais para ver do que para comprar, porque os porta-moedas andam delas escasseados. Como se constatou em Inglaterra, nos Estados Unidos ou agora no Brasil, são eles os mais permeáveis ao chorrilho de trapaças e calúnias veiculados pelas redes sociais. Precisados que andam de bodes expiatórios estão dispostos a aceitar aqueles que mais frequentemente lhes apontam como os culpados pela sua deplorável condição.
Ora, basta fazermos uma campanha eleitoral nas ruas das nossas cidades e aldeias para encontrarmos esse tipo de eleitores. Falando com eles perguntamo-nos o que ganham com as suas certezas preconceituosas, mas nem nos querem ouvir. Quem os envenenou com patranhas já nos leva grande avanço. Daí a importância de, constantemente, exercermos um combate sem tréguas a quem anseia por impor novos modelos de ditaduras fascistas a coberto de modernas formas de manipulação.

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