1. Quatro dias passados sobre a apresentação do Orçamento Geral do Estado para 2019 caíram por terra os argumentos de «eleitoralismo», que as direitas logo invocaram. Eles eram tão bacocos, desmentidos até pelos comentadores da sua área política, que a alternativa passou a ser a de buscarem motivos para dizerem qualquer coisa no que as políticas ali enunciadas pareçam ser menos claras, como ocorre com a questão das reformas antecipadas (uma vez mais Vieira da Silva a aparentar uma sabotagem ao relacionamento com as demais esquerdas!). De qualquer forma faz sentido o que Daniel Oliveira comentava numa das suas crónicas no «Expresso»: “Estranho tempo este em que governar para as pessoas sem sequer com isso pôr em causa o futuro e as finanças públicas é, por si só, motivo de crítica. Como se castigar os mais pobres fosse virtuoso e só beneficiar quem tem mais poder fosse realista.”
2. Com o beneplácito marcelista, e da alaranjada Câmara de Cascais, discute-se por estes dias a questão de encontrar formas de reduzir a abstenção nos atos eleitorais. Miguel Pinto Luz, que anda doidinho por se chegar à frente como um dos mais determinados candidatos à sucessão de Rui Rio, encontra nesse autoproclamado Portugal Talks uma forma expedita de se fazer lembrado. E a proposta mais acarinhada seria para os promotores o do voto obrigatório ou feito remotamente pela net, mas eles próprios reconhecem a impossibilidade de levarem por diante essa intenção. Julgariam assim possível infletir a tendência do eleitorado para se posicionar maioritariamente à esquerda.
O problema está, no entanto, longe de passar por aí. A participação dos portugueses na definição de quem os liderará só conhecerá melhorias óbvias, quando o ensino der à Educação para a Cidadania a importância, que ela mereceria recolher, e quando as televisões limitarem o seu papel na estupidificação das pessoas através daqueles assustadores programas, que gastam horas de emissão com conteúdos ineptos. E os partidos deveriam atrair militantes, não pela possibilidade de lhes oferecerem vantagens profissionais ou de negócios, mas porque importaria que ganhassem a respeitabilidade de constituírem fóruns privilegiados de debates e de comparação de propostas estratégicas , que contribuam para melhorar o futuro coletivo.
3. Com a saída do ministro da Defesa e do Chefe de Estado-Maior do Exército o caso Tancos tende a perder a relevância, que as direitas lhe dedicaram por nele encontrarem matéria, que pudesse aparentar alguma substância aos seus ocos argumentários. De qualquer forma não deixa de ser curiosa a preocupação com o encobrimento do roubo, quando a prioridade teria de ser a da captura de quem roubou as armas e quem estaria incumbido de as negociar. Algo que ainda está por esclarecer...
Sem comentários:
Enviar um comentário