sexta-feira, 26 de outubro de 2018

As simpatias, que o jagunço colhe entre nós...


A respeito do que faria se fosse eleitora brasileira ficámos esclarecidos quanto à opinião de Assunção Cristas a respeito de um confesso fascista, que promete um banho de sangue contra quem dele discorda e para quem a liberdade de imprensa será um dos alvos principais do seu início de mandato como presidente. Quando diz que se absteria, temos dúvidas se tal seria a sua opção. É que se a cabeça manda ter tino e dizer algo, que não a comprometa totalmente com a viragem da desgovernação  brasileira para um ideário declaradamente fascista, não é difícil concluir que muitos dos atuais militantes e simpatizantes do CDS veem no jagunço um herói a incensar..
Cristas sabe bem quem representa e só se contém, porque sabe o quão escasso é o seu apoio eleitoral, mas quem já anda nisto há muitos anos não esquece o comportamento dos políticos das direitas, quando conseguem perverter o sentido da Democracia através de vitórias eleitorais. Quem esquece o clima de quase guerra civil, que a direita - e esse homem baixinho cujos dotes de bailarino deveriam ser muito escassos chamado Sá Carneiro - criou em vésperas da eleição presidencial de 1980, quando via a possibilidade de conquista absoluta do poder - um Presidente, um governo, uma Assembleia - como oportunidade para fazer de vez as contas com o detestado 25 de abril? Não tivessem os seus apoiantes ficado assombrados com o acidente de Camarate e como teriam reagido à derrota desse domingo?
É certo que, mais recentemente, as direitas conseguiram com Cavaco e Passos Coelho aquilo que o baixote da Foz tanto almejara e não conseguira. Mas, com o país integrado na União Europeia, nem um, nem outro, aceleraram tanto no ataque à Democracia, quanto sentiriam disso vontade. Ainda não estava a acontecer a passividade de Bruxelas para com governos, como os da Hungria ou da Polónia, que de democráticos nada têm e só têm servido de rampa de lançamento para ditadores de países mais determinantes dentro do continente como é o caso de Itália.
O que irá acontecer no Brasil a partir de domingo será assustador, mas terá uma virtualidade. A exemplo de Hitler que, entre a ascensão e queda, só terá tido doze anos de poder, ou da própria ditadura brasileira, iniciada em 1964 e caída em 1985, o inferno fascista tem fim anunciado, porque nunca um regime desse tipo trouxe prosperidade ao seu povo. Aqueles que, iludidos pelas igrejas evangélicas, pela Rede Globo ou pelo WhatsApp, irão votar contra si mesmos, bem podem esperar pelo «prémio». A pobreza, que só Lula conseguiu reduzir significativamente, será avassaladora com a entrega da Amazónia e de todo o setor público aos que os querem explorar em proveito exclusivamente seu. Não serão só os «vermelhos» a verem-se vítimas da nova (ir)realidade brasileira. E o despertar só poderá ser tão violento, quanto o prometido pelo jagunço-mor para com os minoritários opositores.
Numa altura em que os democratas de todo o mundo ocidental continuam remetidos à defensiva sem oporem uma forte ofensiva contra quem os quer esmagar, só um refluxo violento do presente estado de coisas poderá vencê-lo. Será a Revolução sem punhos? Pois, que o venha a ser...

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