Neste 5 de outubro as televisões andaram a explorar até à náusea o encobrimento do assalto a Tancos e procuraram escamotear tanto quanto lhes foi possível o notório fracasso da manifestação dos professores.
Sobre o assunto, que leva as direitas a exigirem a demissão do ministro, há dois factos que parecem óbvios: só quando se viram acossados pelo fracasso do seu plano para ilibarem o delator, que os encarreirara para o sítio aonde estavam escondidas as armas, é que os responsáveis da Judiciária Militar se apressaram a procurar a cobertura do poder político, estando em dúvida se este - através do chefe do gabinete do ministro! - foi devidamente inteirado dos contornos obscuros do sucedido. Depois, não deixa de ser curioso que o militar agora chegado de uma missão na Rep. Centro-Africana tenha tomado como estratégia de defesa a clara violação do segredo de Justiça, procurando sacudir do capote a água, que aceitara previamente nele acolher. E não deixa de ser elucidativo que o seu advogado seja Ricardo Sá Fernandes, que encontramos frequentemente a representar causas mais do que ambíguas.
Relativamente aos professores as reportagens televisivas falaram por si, embora os operadores de câmara não arriscassem grandes planos de conjunto para não denunciarem o quão poucos eram a desfilar pelas ruas de Lisboa. Ademais o tom Calimero de Mário Nogueira a falar com Marcelo é bem revelador do desespero de quem arrastou a classe para um beco sem saída e agora teme ver-se confrontado com o fracasso da sua estratégia do tudo ou nada.
Olhando para a oposição vale a pena anotar o incómodo de Luís Montenegro a querer despegar-se da colagem a ele feito pelo vereador racista de Loures. Ciente de que as próximas legislativas estão definidas, e que entrar agora na disputa pela liderança do partido significaria uma derrota definitiva das suas ambições, o antigo líder parlamentar de Passos Coelho muda as agulhas para o dia seguinte a tais eleições, quando Rui Rio se vir forçado a lançar a toalha ao tapete.
Na maioria parlamentar as negociações para o novo Orçamento parecem bem oleadas desiludindo as derradeiras esperanças dos que ansiavam pelo divórcio das esquerdas antes do fim da legislatura. E até uma medida de elementar Justiça - o fim da isenção fiscal dos artistas tauromáticos! - está em vias de se concretizar. Se ainda não significa o fim da barbárie nas arenas, para lá tudo se encaminha.
Quanto a boas notícias vindas de fora sublinhe-se o elogio do Conselho da Europa por Portugal ser dos países, que mais facilitam o acesso dos pobres à máquina da Justiça, sendo claramente superior o apoio a eles facultado em comparação com as práticas da maioria dos demais países europeus.
Não é o país das maravilhas, que a mentirosa Cristas diz que corresponde à expressa por António Costa, mas que, pouco a pouco, as melhorias se vão acelerando, só o podemos ir constatando em notícias positivas a um ritmo quase diário.
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