Não há grandes dúvidas, que os quartéis-generais do PSD e do CDS ter-se-ão concertado como poderiam reagir à mais do que certa aprovação do Orçamento Geral para 2019, decidida esta tarde. «Embuste», gritaria um. «Logro», esganiçar-se-ia outra, quando fosse o momento do discurso final de derrota. E, mais não poderiam acrescentar a essas pobres peças de retórica, quando lhes escasseavam argumentos para contrariarem o que sabiam ser o anúncio antecipado das derrotas do ano que já aí vem.
O problema, que se coloca a Rio é que, tendo-se anunciado diferente do profeta da vinda do Diabo, dele não se consegue distinguir. Não lhe surgem ideias novas a que se possa agarrar e lhe deem aparência de novidade e sente demasiado caudaloso o rio contrário ao seu, tornando muito mais distante a foz a que julgara chegar. Ao escolher Hugo Soares ou Maria Luís Albuquerque para o representarem num debate onde faz figura de forçado ausente, segue a regra de, se não os podes contrariar, junta-te a eles. O pior é que, nem de um lado, nem do outro, o partido laranja arranja forma de convencer os eleitores da viabilidade do seu inexistente projeto para o futuro.
No CDS o drama identitário não é muito diferente. Bem tenta Cristas pôr-se em bicos de pés em todas as ocasiões possíveis, que o efeito é semelhante ao do conhecido «emplastro». Não há dia nenhum em que, se as câmaras televisivas a não procuram, lá arranja ela um qualquer pretexto para as convocar, mesmo quando nada tem para dizer. E tudo se torna bem mais complicado, quando não há incêndios por explorar, ou quando a novela do momento (Tancos, a de agora) já está tão requentada, que não sobra paciência para quem insiste nela perorar. Cada vez mais competente nas artes da política, Centeno endossou-lhe desafio assassino no debate de ontem, quando a ouviu queixar-se de uma lista de investimentos não contemplados pelo documento em discussão: Se quiser financiar esse guião eleitoralista, tem de nos dizer como faria. Aumentava o financiamento externo? Os impostos?”
Não consta que a criatura tenha sequer tentado responder, porque a falta de decoro ainda não é suficiente para mentir mais do que já o faz diariamente.
A angústia das direitas reside no facto de saber que refugiar-se atrás da UTAO de nada lhe serve, porque tem sido constante, ao longo dos últimos três anos, a regra de todos - desde o FMI à Comissão Europeia, da sinecura da doutora Teodora ao organismo de Carlos Costa - se enganarem e o governo ir acumulando a confirmação de todas as suas previsões e a concretização de tudo quanto se propusera alcançar. Até mesmo quando os números parecem revelar tendências positivas prestes a infletirem em sentido contrário, logo a realidade as vem reconfirmar. Vide o índice do desemprego que, nos últimos dois meses, parecia estagnar, se não mesmo ter ligeiro aumento, e logo a reaferição o atira para três décimas percentuais inferiores em relação ao mês anterior.
Perante o competente exercício da governação e a convergência sólida dos votos da maioria parlamentar, que resta às direitas senão agarrarem-se desesperadamente a questões de pormenor (até ao retoque das unhas de uma deputada!), porque nada mais têm com que possam dar provas de existirem.
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