segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Atrás de tempos, tempos vêm!


Eu sei da convicção com que nas avenidas largas das grandes cidades se proclamou que FASCISMO NUNCA MAIS!. E, no entanto, mais ou menos disfarçado, ele campeia em países de quase todos os continentes: dos Estados Unidos à Hungria ou à Polónia, da Turquia às Filipinas, vemos as extremas-direitas chegarem ao poder e dele se apossarem como se esperassem detê-lo por mil anos.
O Brasil é só o exemplo, que se segue. Dificilmente Haddad conseguirá vencer o apoio dado pela Globo, pela IURD, pelos grandes empresários e os juízes ao seu adversário. Motivo para desesperarmos? Nenhum! Quem já muito viveu, também a muito assistiu: não faltam ditadores a sério ou de opereta, que acabaram achincalhados por mudanças políticas capazes de lhes legarem para a História a crápula fama de que se fizeram merecedores.
Seria desesperante se soubéssemos que os Trumps, Orbans, Dutertes ou Balsonaros teriam uma varinha mágica com que pudessem resolver os problemas dos seus povos e os tornassem mais felizes. Só que essa magia não lhes está ao alcance e só tenderão a piorar o que já mau se apresenta. Atrás de tempos, vêm tempos, outros tempos hão-de vir, cantava Fausto com todo o sentido. As dinâmicas, que parecem levar os Salvinis cada vez mais alto não tardarão a esgotar-se e a puxá-los no sentido contrário. É a velha lei da Física, segundo a qual toda a ação justifica uma reação. E ela acontecerá por certo, ou a ciência deixaria de valer enquanto tal. Porque como todos os rios, que estão próximos do estertor final, e ganham derradeiro alento num ilusório ressurgimento, também o capitalismo procura adiar a morte definitiva com as soluções de extrema-direita a substituírem-se às que se crismam de liberais (ou neoliberais!). Até porque, tal qual confirma o estudo científico agora apresentado, não há qualquer compatibilidade entre o business as usual  e a obrigatoriedade de cingirmos o aumento global de temperatura a 1,5ºC até 2100 sob pena de virmos a conhecer o apocalipse climático.
Há, pois, que confiar na resiliência humana: os Trumps ou os Balsonaros nada percebem do que estão a querer estragar, mas os tempos correm em seu desfavor. Não faltará muito para que os deitemos no lixo enquanto monstros gelatinosos, que nos assombraram os piores pesadelos, mas não nos terão impedido o despertar nas novas manhãs claras em que tudo nos parecerá bem luminoso...

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