quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Um grande passo atrás? Esperemos pelo ricochete!


Não falta quem ande ainda a atirar foguetes pela vitória do jagunço brasileiro, mas essa euforia tonta tende a conhecer dissabores num prazo muito curto. Olhando para os nomes, que vão sendo conhecidos para integrarem o próximo governo, a conclusão é óbvia: metade dos futuros indigitados têm o aparato dos galões militares, mas são esclarecedores os exemplos passados sobre a incompetência de quem se forma para a guerra convencional sem conhecer o que quer que seja sobre conflitos bem mais complexos nas áreas económicas e financeiras. Os demais imitam os anteriores na carga de preconceitos ideológicos, que lhes formatam as toscas cabeças, mas sem respostas efetivas para os problemas com que se deparam os que neles acreditaram.

Há o boy  da Escola de Chicago, mas se as ideias ultraliberais de eliminação de tudo quanto cheire a setor público, para deixar livre a «mão invisível», nunca mostrou mérito nos resultados - por muito que os pinochetianos chilenos continuem em tal crença! - muito menos as revelarão num contexto em que só podem agravar as obscenas desigualdades de rendimentos de que o Brasil já é montra exemplar.
Poderá também haver o carrasco-mor que espezinhou tudo quanto possa considerar-se digno de uma Justiça digna desse nome para incriminar Lula da Silva mas, apesar de dar sinais de se sentir tentado, tenho sérias dúvidas, que acabe por aceitar. É que as classes brasileiras de rendimentos mais altos não admiram, nem sequer confiam no jagunço. Ele apenas lhes serve de idiota útil para conseguirem o pretendido: verem ainda mais empoladas as contas bancárias, que tratarão de manter no recato dos paraísos fiscais, por saberem o quanto em demasia acabam de esticar a corda, que se arriscam a vê-la partir-se num curto prazo, precavendo-se com dourados exílios em bonançosas latitudes.
No curto prazo o novo governo fascista terá de mexer nas condições de acesso à reforma por ser insustentável uma legislação que prevê essa benesse para as mulheres com trinta anos de descontos e para os homens com trinta e cinco. Quer isso dizer que qualquer pessoa que tenha começado a descontar para a Segurança Social com dezoito anos poderá aposentar-se com 48 anos se for mulher, ou 53 se for homem. Ora quantos eleitores do jagunço com essa meta à vista se sentirão defraudados com a mais que certa alteração legislativa? A frustração depressa se substituirá á ilusória alegria.
E que dizer dos muitos milhares de funcionários públicos ou empregados de empresas estatais, que serão ameaçados de desemprego com as privatizações anunciadas e com o encolhimento da dimensão do aparelho administrativo federal? Também aí se esperarão grandes desilusões, passíveis de se transformarem em violentas manifestações de rejeição a tão inesperada realidade para quem acreditara numa verdejante Terra Prometida e a descobrirá sombriamente inóspita.
Perante tudo isto nem vale a pena abordar a oposição que, desde o primeiro dia desse governo, a quase metade dos eleitores, que votaram Haddad assumirá. Deles só se espera que cumpram o compromisso de não desistirem de um país, que dá um enorme passo atrás, mas que, colhidas as lições da má escolha, poderá mais à frente compensar com dois para diante.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

A angústia de quem se sente impotente


Não há grandes dúvidas, que os quartéis-generais do PSD e do CDS ter-se-ão concertado como poderiam reagir à mais do que certa aprovação do Orçamento Geral para 2019, decidida esta tarde. «Embuste», gritaria um. «Logro», esganiçar-se-ia outra, quando fosse o momento do discurso final de derrota. E, mais não poderiam acrescentar a essas pobres peças de retórica, quando lhes escasseavam argumentos para contrariarem o que sabiam ser o anúncio antecipado das derrotas do ano que já aí vem.
O problema, que se coloca a Rio é que, tendo-se anunciado diferente do profeta da vinda do Diabo, dele não se consegue distinguir. Não lhe surgem ideias novas a que se possa agarrar e lhe deem aparência de novidade e sente demasiado caudaloso o rio contrário ao seu, tornando muito mais distante a foz a que julgara chegar. Ao escolher Hugo Soares ou Maria Luís Albuquerque para o representarem num debate onde faz figura de forçado ausente, segue a regra de, se não os podes contrariar, junta-te a eles. O pior é que, nem de um lado, nem do outro, o partido laranja arranja forma de convencer os eleitores da viabilidade do seu inexistente projeto para o futuro.
No CDS o drama identitário não é muito diferente. Bem tenta Cristas pôr-se em bicos de pés em todas as ocasiões possíveis, que o efeito é semelhante ao do conhecido «emplastro». Não há dia nenhum em que, se as câmaras televisivas a não procuram, lá arranja ela um qualquer pretexto para as convocar, mesmo quando nada tem para dizer. E tudo se torna bem mais complicado, quando não há incêndios por explorar, ou quando a novela do momento (Tancos, a de agora) já está tão requentada, que não sobra paciência para quem insiste nela perorar. Cada vez mais competente nas artes da política, Centeno endossou-lhe desafio assassino no debate de ontem, quando a ouviu queixar-se de uma lista de investimentos não contemplados pelo documento em discussão: Se quiser financiar esse guião eleitoralista, tem de nos dizer como faria. Aumentava o financiamento externo? Os impostos?”
Não consta que a criatura tenha sequer tentado responder, porque a falta de decoro ainda não é suficiente para mentir mais do que já o faz diariamente.
A angústia das direitas reside no facto de saber que refugiar-se atrás da UTAO de nada lhe serve, porque tem sido constante, ao longo dos últimos três anos, a regra de todos - desde o FMI à Comissão Europeia, da sinecura da doutora Teodora ao organismo de Carlos Costa - se enganarem e o governo ir acumulando a confirmação de todas as suas previsões e a concretização de tudo quanto se propusera alcançar. Até mesmo quando os números parecem revelar tendências positivas prestes a infletirem em sentido contrário, logo a realidade as vem reconfirmar. Vide o índice do desemprego que, nos últimos dois meses, parecia estagnar, se não mesmo ter ligeiro aumento, e logo a reaferição o atira para três décimas percentuais inferiores em relação ao mês anterior.
Perante o competente exercício da governação e a convergência sólida dos votos da maioria parlamentar, que resta às direitas senão agarrarem-se desesperadamente a questões de pormenor (até ao retoque das unhas de uma deputada!), porque nada mais têm com que possam dar provas de existirem.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Acabem-se com os punhos de renda


Agora que o jagunço já conseguiu ganhar as eleições brasileiras sem sair de casa nem participar num único debate com Haddad é altura de pensar se as esquerdas podem continuar a manter o perfil baixo, que tem sido o seu perante a ininterrupta ascensão dos ideários fascistas. Nas guerras sempre se cumpriu a regra de, ou ter uma dinâmica ofensiva de vitória, ou optar pela defensiva, invariavelmente condenada a ser derrotada. É por isso que, perante diversos dirigentes do CDS, que se insurgiram contra Cristas por não confessar a simpatia efetiva pelo facínora brasileiro, deveria existir um repúdio firme demonstrando quão se revelam ideologicamente marginais.
Não é, porém, só essa gentalha do partido do táxi, que merece ser apodada de repugnante: qualquer andréventura, que se abalance a cavalgar ondas populistas tem de ser denunciado como um oportunista soez, com um pensamento inaceitável numa sociedade democrática.
O mesmo se diga dos polícias, que tiraram fotografias, insultaram o ministro Eduardo Cabrita nas redes sociais, se fizeram fotografar em amistosa reunião com o chefinho de um dos partidos abertamente fascistas existente entre nós e os que vieram justificar para as televisões as injuriosas fotografias dos três foragidos do Porto como se não lhes fossem reconhecidos direitos de cidadania pelo facto de serem «criminosos» - recorde-se que os polícias não podem substituir-se aos tribunais no julgamento de quem é suspeito de atos ilícitos. E não esqueçamos os que quiseram derrubar as barreiras, que os impediam de aceder à escadaria da Assembleia da República num ato simbólico equivalente a um golpe de Estado. O que falta para que todos esses indivíduos, desmerecedores de envergarem farda policial e de serem respeitados como guardiões da lei da República, sejam objeto de uma mais do que justa depuração?
E que anda o governo a fazer para cumprir o Artigo 46º da Constituição onde é claro o aí definido: “Não são consentidas associações armadas nem de tipo militar, militarizadas ou paramilitares, nem organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista.”? O que é feito da investigação aos motards, que andaram a semear desacatos há alguns meses atrás e identificados precisamente com esse tipo de organizações proibidas pela Constituição? O que anda a ser feito para acabar com esse ninho de fascistas, que são as claques dos clubes de futebol? Quando é que são mesmo esses mesmos clubes a, por uma questão de higiene, a porem fim a essas hordas de desordeiros? E por quanto tempo mais temos de ser insultados por aquelas matilhas de estudantes em «fardas acadêmicas» (elas próprias símbolos de valores hediondos, que os papás pagam sem o mínimo de sentido crítico), que trazem ao espaço público o espetáculo das praxes, que não deveria ter sido preciso demonstrar no Meco o quão criminosas podem ser, para serem liminarmente proibidas.
Sim! É tempo das esquerdas voltarem a sair das tocas para se lançarem ao ataque de quem as ameaça sem escrúpulo, ora apontando os alvos, como sucedeu com Trump relativamente aos destinatários dos envelopes-bombas da semana transata, ora ameaçando-os diretamente como o fez o ocupante seguinte do Palácio do Planalto. E perante essas direitas extremas, que não se eximem de portarem-se violentamente, não é com punhos de rendas, que se as devem acantonar. O Estado de Direito tem as armas necessárias para as proibir, para as expulsar dos sítios onde andam a ensaiar os assaltos futuros ao poder.

sábado, 27 de outubro de 2018

Defensores do jagunço entre nós? Vos arrenego!


Sei que este texto não satisfará os pressupostos do politicamente correto, mas como reagir quando, na véspera da eleição presidencial brasileira deparo com entrevistas televisivas a quem vem do outro lado do Atlântico, para buscar solução de vida em Portugal, e confessa perante as câmaras a preferência pelo jagunço? Que pensar, quando se sabe que mais do que um em cada dois brasileiros radicados entre nós também apoia o candidato fascista? Com pedido de desculpa prévio aos amigos brasileiros, que apoiam Haddad (saravá Nery!) dá vontade de fazer uma triagem e mandar de volta para as suas terras quem delas se some apesar de defender o indefensável. Porque, se sentem tão grande susto pelos «vermelhos», que vêm para aqui fazer num país em que eles assumem a governação?
Antes de me reformar dirigi uma empresa de serviços de engenharia, que contava com uns quantos operários brasileiros. Com os que menos se intimidavam com a diferença hierárquica ia discutindo as políticas implementadas por Lula e reconheço que não lhes fazia boa cara, quando se revelavam dele opositores. Quem me conhece melhor sabe que, nessas coisas, não uso punhos de renda. Mas acaso ainda estivesse no ativo e tivesse de ponderar na contratação de novos colaboradores, confesso que, sendo brasileiros, não deixaria de, subtilmente, aferir o que pensariam do seu país nesta conjuntura. E garanto que nunca daria trabalho a um entusiasta do jagunço por maiores, que fossem as competências demonstradas nos seus currículos. Na realidade sempre ajuizei as equipas que liderava de acordo com as suas qualidades humanas, mais do que quanto à experiência e conhecimentos especializados dos seus elementos. A vida profissional foi-me longa o suficiente para ter conhecido imensos casos de «vedetas» muito sabedoras, que se estampavam perante as dificuldades, em contraponto com voluntariosos ignorantes capazes de as vencerem, através da curiosidade e da inteligência.
Se ainda estivesse em condições de dar emprego aos que pretendem emigrar para o nosso país não desdenharia essa aferição e espero que assim suceda com quem anda nesta altura a decidir se os contrata ou não. Já temos entre nós tantos inimigos da Democracia, no que ela significa enquanto garantia das liberdades fundamentais, que aumentar-lhes o número e a influência só pode prejudicar o futuro dos nossos filhos e netos...
E nem dou particular crédito a um comentador que, esta tarde, num programa do canal ARTE, previa a impugnação do jagunço no prazo de dezoito meses por ser previsível o embaraço, que constituirá para os partidos em que apoiará a sua maioria na Câmara dos Deputados. Afinal alimentáramos essa esperança a respeito de Trump fundamentados na forma como chegara à Casa Branca com o apoio dos hackers  russos e ele lá permanece firme, de pedra e cal, a estragar tudo quanto possa estar ao seu alcance (vide a maioria reacionária agora conseguida no Supremo Tribunal). Por agora importa corroborar o que escrevia uma das irmãs Mortágua no «Público»: “o fascismo não é obra de um louco mas da legitimação da sua loucura.”

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

As simpatias, que o jagunço colhe entre nós...


A respeito do que faria se fosse eleitora brasileira ficámos esclarecidos quanto à opinião de Assunção Cristas a respeito de um confesso fascista, que promete um banho de sangue contra quem dele discorda e para quem a liberdade de imprensa será um dos alvos principais do seu início de mandato como presidente. Quando diz que se absteria, temos dúvidas se tal seria a sua opção. É que se a cabeça manda ter tino e dizer algo, que não a comprometa totalmente com a viragem da desgovernação  brasileira para um ideário declaradamente fascista, não é difícil concluir que muitos dos atuais militantes e simpatizantes do CDS veem no jagunço um herói a incensar..
Cristas sabe bem quem representa e só se contém, porque sabe o quão escasso é o seu apoio eleitoral, mas quem já anda nisto há muitos anos não esquece o comportamento dos políticos das direitas, quando conseguem perverter o sentido da Democracia através de vitórias eleitorais. Quem esquece o clima de quase guerra civil, que a direita - e esse homem baixinho cujos dotes de bailarino deveriam ser muito escassos chamado Sá Carneiro - criou em vésperas da eleição presidencial de 1980, quando via a possibilidade de conquista absoluta do poder - um Presidente, um governo, uma Assembleia - como oportunidade para fazer de vez as contas com o detestado 25 de abril? Não tivessem os seus apoiantes ficado assombrados com o acidente de Camarate e como teriam reagido à derrota desse domingo?
É certo que, mais recentemente, as direitas conseguiram com Cavaco e Passos Coelho aquilo que o baixote da Foz tanto almejara e não conseguira. Mas, com o país integrado na União Europeia, nem um, nem outro, aceleraram tanto no ataque à Democracia, quanto sentiriam disso vontade. Ainda não estava a acontecer a passividade de Bruxelas para com governos, como os da Hungria ou da Polónia, que de democráticos nada têm e só têm servido de rampa de lançamento para ditadores de países mais determinantes dentro do continente como é o caso de Itália.
O que irá acontecer no Brasil a partir de domingo será assustador, mas terá uma virtualidade. A exemplo de Hitler que, entre a ascensão e queda, só terá tido doze anos de poder, ou da própria ditadura brasileira, iniciada em 1964 e caída em 1985, o inferno fascista tem fim anunciado, porque nunca um regime desse tipo trouxe prosperidade ao seu povo. Aqueles que, iludidos pelas igrejas evangélicas, pela Rede Globo ou pelo WhatsApp, irão votar contra si mesmos, bem podem esperar pelo «prémio». A pobreza, que só Lula conseguiu reduzir significativamente, será avassaladora com a entrega da Amazónia e de todo o setor público aos que os querem explorar em proveito exclusivamente seu. Não serão só os «vermelhos» a verem-se vítimas da nova (ir)realidade brasileira. E o despertar só poderá ser tão violento, quanto o prometido pelo jagunço-mor para com os minoritários opositores.
Numa altura em que os democratas de todo o mundo ocidental continuam remetidos à defensiva sem oporem uma forte ofensiva contra quem os quer esmagar, só um refluxo violento do presente estado de coisas poderá vencê-lo. Será a Revolução sem punhos? Pois, que o venha a ser...

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Dois néscios a fazerem Centeno perder um bom par de horas de trabalho


Em condições normais não me daria a esse trabalho mas, ontem à tarde, ao chegar a casa, e ao ler alguns comentários no facebook sobre o sucedido na Comissão Parlamentar onde Mário Centeno apresentara a proposta de Orçamento para 2019, tive de procurar o debate no canal da Assembleia da República para melhor compreender o que algumas vozes avisadas iam constatando.
Infelizmente, no domínio da arte da retórica, o ministro ainda não conseguiu que ela se lhe equiparasse à  que revela com os números das despesas e das receitas do Estado.  Melhorou muito, mas ainda não o suficiente para que os deputados das direitas sofressem o achincalhamento que mereciam. De facto Centeno apresentou argumentos, que tenho sérias dúvidas se a tonta do CDS sequer os entendeu pela rama.
Não nos apressemos, porém. Quando compareceu perante os deputados Centeno estava na posição muito favorável de, nos três exercícios anteriores sempre ter acertado em todas as contas, apesar dos vaticínios desfavoráveis que elas tinham tido previamente. Os «expertos» do FMI, da Comissão Europeia, do cenáculo da dona Teodora ou os técnicos «independentes» da Assembleia da República passaram pelas sucessivas vergonhas de terem disparado para um alvo, que lhes ficara muito ao lado. Por isso mesmo, quando o melhor argumento das direitas eram as dúvidas da UTAO, estavam a pôr-se a jeito para serem desconsideradas como meras cábulas.
Centeno tinha, porém, artilharia pesada com que lhes responder às patranhas: entre 2015 e 2019, Portugal cresce 16%, o rendimento disponível das famílias e as remunerações sobem 18% e o défice encolhe 7.500 milhões de euros. Desmentindo todas as anedotas sobre economistas incapazes de preverem o futuro, porque apenas  competentes para explicarem o que terá corrido mal, as previsões coincidiram  quase à casa decimal face às metas que constavam do cenário macroeconómico preparado pelo grupo de trabalho do PS em 2015.
Perante tal evidência, que podiam arguir o PSD e o CDS?
Duarte Pacheco tentou defender com brio as hostes laranjas, mas o desmascaramento da desfaçatez do seu discursar foi feito pelo trocista Rocha Andrade: se aos quatro minutos da sua intervenção o deputado do Sobral de Monte Agraço denunciava o orçamento como uma orgia eleitoralista, aos cinco já exigia gastos acrescidos com mais um conjunto de medidas nele não contempladas. No que se tornaria então? Num bacanal? A galhofa estava garantida à conta do pobre deputado da bancada opositora...
Muito, mas muito pior, foi a opção do CDS escolhendo como contentora a medíocre Cecília Meireles, que nem sequer possui formação de economista. O que lhe faltou em conhecimento, tentou compensar em mimetizar o estilo de peixeira da sua líder, levantando os decibéis da voz para iludir a pequenez minúscula dos seus considerandos. Ao assistir à sua confrangedora intervenção percebe-se perfeitamente porque, escolhida para secretária de Estado do Turismo do governo anterior, teve de ser apressadamente substituída por Adolfo Mesquita Nunes para não estragar mais do que o vinha fazendo até aí. Ou porque concorrendo à liderança da Distrital do Porto viu-se humilhantemente derrotada porque, apesar de apoiada ativamente por Cristas, faltava de pachorra os seus compinchas de partido para a aturarem.
Conclusão óbvia da sessão parlamentar: Centeno a demonstrar todas as virtudes da ação governativa perante deputados - que no caso dos das direitas - só o fizeram perder umas boas horas de trabalho.