quarta-feira, 29 de julho de 2015

Responder a novas estratégias com outras, que as neutralizem!

Num artigo muito interessante, ontem inserido nas últimas páginas do «Público», José Vítor Malheiros alerta para um novo tipo de estratégia seguida pelo grande capital nos países em risco de incumprimento no pagamento da sua dívida soberana: a fuga de capitais.
A coisa funcionaria mais ou menos assim: perante a iminência de uma crise financeira, e com a subida ao poder de forças pouco dispostas a aceitar os ditames austeritários, que escondem a transferência de rendimentos do fator trabalho para o fator capital, as grandes fortunas acautelariam o seu dinheiro noutros portos de abrigo para, tão só constatada uma saída do euro, reentrarem em força para comprarem a preços de saldo tudo quanto um governo acossado, como ainda agora foi o do Syriza, tenha de vender. Com uma vantagem acrescida: detendo meios apreciáveis, quer económicos, quer quanto à propriedade dos meios de comunicação, não lhes seria difícil conseguir um novo governo mais a contento dos seus interesses de classe.
Até se poderia manter alguma fachada pseudodemocrática, mas ela mais não seria do que a cortina de fumo destinada a alterar a organização do Estado de forma a favorecer a sua perenização na afirmação política dos seus interesses.
Terá sido esta conclusão, que terá impedido Tsipras de apostar no joker defendido por muitos dos seus apoiantes: a saída imediata do euro. Procurando ganhar tempo e espaço de manobra, esperará que mudanças previsíveis no xadrez político europeu - com eleições em Portugal, Irlanda e Espanha - possam criar condições para uma rediscussão das condições agora aceites.
Até porque são cada vez mais ensurdecedoras as vozes dos que dizem não existir futuro na União Europeia para quem teima em prosseguir neste caminho...


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