Ousadia é o encómio utilizado pelo editorial do «Público» deste domingo para enaltecer a composição das listas do Partido Socialista às eleições legislativas de outubro, baseando essa opinião num esclarecedor fundamento: “Do que já se sabe, as listas feitas sob o comando de António Costa têm uma razoável dose de novidade, mas talvez o mais interessante seja a ideia que subjaz a estes novos recrutamentos: a vontade expressa pelo líder socialista de ter o “conhecimento” como base fundadora de uma “nova maioria”.
Daí que muitos desses novos rostos sejam personalidades altamente qualificadas, com carreiras e pensamento próprios, independentes de partidos.”
No entanto, nem tudo ainda corresponderá a tal realidade, já que em Coimbra, Santarém e Viana do Castelo os seguristas apostaram em criar listas de acordo com as suas conveniências, privilegiando apoiantes do anterior secretário-geral nos lugares elegíveis.
Vale-me a condição de militante de base do Partido para ter a liberdade de espírito para contrariar as preocupações assumidas por António Costa quanto à unidade interna. E por isso inquieta-me que esse setor segurista continue a procurar levantar cabeça depois de milhares de militantes e simpatizantes tê-los derrotado nas primárias com um resultado próximo da humilhação.
O segurismo, mais do que benéfico para o PS, é-lhe extremamente prejudicial, porque representa a lógica do princípio de Peter aplicada a cada patamar da sua organização. Em vez da qualidade de pensamento e de visão política, os seguristas eram maioritariamente gente sem qualidades dignas de nota, que alcançaram patamares de incompetência por falta de comparência de quem tinha a obrigação de militar desde a base e aí impor a diferença.
Quando o «Expresso» refere António Galamba ou Eurico Brilhante como exemplos de seguristas, que estarão a ser equacionados para esses lugares elegíveis de deputados, justifica-se que nos interroguemos quanto ao que fizeram ou defenderam de substantivamente útil ao partido para merecerem essa condição.
A inserção de candidatos altamente qualificados como Helena de Freitas ou Alexandre Quintanilha deveria servir de estímulo para que adiram ao Partido quem nele faz verdadeiramente falta: os que não se limitam a utilizar uma lógica caciquista a nível das secções e concelhias para merecerem estatutos para os quais são falhos de competências.
E é na mesma lógica que se deve encarar a tentativa porfiada desses mesmos setores seguristas, de mãos dadas com a direita (e é essa a razão de ser do esforço do «Expresso» em promover-lhe a candidatura!), para lançar Maria de Belém como presidenciável.
Que capacidades já demonstrou a antiga presidente do PS segurista para merecer tal cargo? Para além da sua fidelidade indefetível aos secretários-gerais e de boas intenções na área social nada dela se conhece, que possa ser capaz de galvanizar mais de metade do eleitorado a dar-lhe o voto.
Quem a viu nos face a face televisivos com interlocutores da direita só pode tremer perante o que seriam os debates de uma eventual segunda volta em que encarasse marcelo ou mesmo rui rio.
Erram os seguristas, quando repetem a máxima de se ganharem as eleições ao centro. Como se viu com Soares contra Freitas do Amaral ou Sampaio contra Cavaco, é à esquerda que se assegura tal vitória. E, nesse sentido Sampaio da Nóvoa é, de longe, o melhor candidato...
Sem comentários:
Enviar um comentário