1. O fanatismo europeu relativamente à receita austericida chegou a tão grande falta de escrúpulos, que se conheceram agora as pressões europeias para evitar a publicação do relatório do FMI do dia 26 de junho. É que tal documento diz o que Tsipras tem repetidamente defendido: a dimensão da dívida da Grécia já assumiu tais proporções que é impossível vê-la ressarcida. A reestruturação é um imperativo.
É elucidativo que, contrariando a vontade europeia em dar conhecimento desse relatório só depois do referendo, foram os Estados Unidos a forçar a sua publicação para a data inicialmente prevista.
Quem diria que a Casa Branca funciona atualmente como um insuspeito apoiante do governo legítimo em Atenas?
Corte significativo na dívida e período de carência de vinte anos é o que propõe esse documento do FMI.
2. É curioso como a aproximação do fim da legislatura e expectativa de mudança de governo leva algumas forças profundamente conservadoras a ensaiarem os seus últimos tiros ainda na crença de poderem acertar no alvo.
Esta semana foi a discussão do projeto de alteração da lei do aborto, que um movimento de cidadãos trogloditas intentou aprovar formas de achincalhar as mulheres apostadas em tomar essa difícil decisão de motu próprio.
Na mesma lógica também os salafistas da ortografia tentam arranjar assinaturas à pressa para obstarem à plena implementação do Acordo Ortográfico de 1990.
Os que assim agem também seriam fortes opositores da reforma de 1911, que deu como legalmente desatualizadas palavras como phophoro (fósforo), lyrio (lírio), ortografia (ortografia), phleugma (fleuma), exhausto (exausto), estylo (estilo), prompto (pronto) diphtongo (ditongo), psalmo (salmo), etc.
Os tempos passam, mas em todas as gerações continua a ser difícil fazer o Novo prevalecer sobre o Caduco...
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