A história é contada por Vanessa Rato no excelente trabalho inserido na edição de hoje do «Público» a propósito da polémica coleção de arte da Secretaria de Estado da Cultura.
Em 1981, com o incêndio da Galeria de Arte Moderna em Belém, perderam-se obras de grande valor como foi o caso do mural da Liberdade pintado por diversos artistas logo após a Revolução de Abril.
Perante essa enorme perda cultural um dos mais importantes historiadores e curadores de arte internacional da época, Rudi Fuchs, aproveitou a sua presença na Documenta de 1982 para solicitar a diversos artistas a dádiva de obras passíveis de formar uma coleção alternativa à que se perdera. Foi assim que gente de renome como Baselitz, Richard Serra ou Richard Long se prontificaram a aceder a tal pedido. Em vão, porque os responsáveis do Ministério da Cultura, então liderado por Lucas Pires, tinham uma enorme ignorância quanto ao que se passava na Arte Contemporânea e rejeitaram essas ofertas julgando-as oriundas de aspirantes a artistas desejosos de se destacarem do anonimato onde poderiam estar inseridos. Na época quaisquer dos artistas em causa já eram reconhecidos como dos mais importantes do panorama artístico internacional e as suas obras valeriam hoje autênticas fortunas.
Infelizmente a História portuguesa tem sido pródiga em comportamentos similares de quem tem responsabilidades públicas. E o atual secretário de Estado é um sucessor à altura dos ignorantes desse tempo em que a direita mandava nos destinos do país sob a designação de Aliança Democrática. Toda a novela em torno do Museu do Chiado tem sido elucidativa sobre o tipo de imbecil, que tanto mal tem feito à cultura portuguesa ao longo destes últimos anos...
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