1. Síntese eloquente de uma tendência que se espera ver eliminada da política europeia é a que Gustavo Cardoso assinou no «Público»: “Schäuble dizia em 2010 que só nações indutoras de hegemonia benigna ou estabilizadora podem manter uma economia global estável. O referendo grego demonstra que a exportação da cultura de estabilidade alemã cria instabilidade. Desde o início da crise que a Alemanha exporta regras, as quais são relutantemente aceites, impondo as suas preferências e prejudicando-se no longo prazo.”
2. Na sua volta ao país António Costa esteve agora nalguns concelhos de Setúbal onde voltou a realçar a importância em melhorar os níveis de rendimento das famílias portuguesas: “Temos de fazer um esforço articulado, das empresas e do Estado, para procurar melhorar o rendimento das empresas e das famílias. Essa é a ponta do novelo com o qual podemos relançar a economia. E isso passa pela dimensão salarial, mas passa também pela diminuição da carga fiscal”.
Desemprego e precariedade estão definidos como a “grande prioridade das prioridades” do futuro governo PS: ““São dois fatores de fomento da falta de confiança e da desregulação da nossa economia. E nós temos de assumir que a prioridade da nossa política económica tem de ser, como nós dizemos: emprego, emprego, emprego. Emprego digno, emprego de qualidade, emprego não precário”,
E não faltaram palavras para condenar o caos do sistema judicial, que o governo de passos coelho legará ao que se lhe seguirá: “Todos nós assistimos ao caos que foi a implementação do novo mapa judiciário e a forma como, em muitas localidades do país, as populações foram, pura e simplesmente, privadas do serviço de justiça ou viram os serviços de justiça claramente prejudicados. (…) É, por exemplo, o caso de Sesimbra, onde as ações executivas passaram a ser tramitadas a quase 100 quilómetros daqui, em Alcácer do Sal, sem condições de acessibilidade, sem transportes, e, portanto, com um grave prejuízo para um segmento processual, que ganha na urgência e na celeridade com que é aplicado e que é fundamental para a cobrança de créditos. É um bom exemplo de como temos de rever este mapa [judiciário], de forma a responder melhor àquilo que são as necessidades das populações”.
E assim se vai fazendo, paulatinamente, o caminho da maioria absoluta…
3. Pouco a pouco vamos confirmando a presunção de vigarice, que já conotáramos ao negócio da privatização da TAP. Agora soube-se que o dono da Azul entra com 214 milhões e o sócio português, que tem 51% do capital, com 12 milhões. Neeleman fica com 75% dos lucros e peso reforçado na gestão.
Se, conhecidos estes factos, a Comissão Europeia aprovar um negócio que viola as suas próprias regras, é porque já nem sequer cuida de acautelar as aparências...
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