Já que a questão da suposta chantagem tem sido hiperexplorada pelos meios de comunicação social durante este fim-de-semana olhemo-la mais de perto. Uma entrevista ao Expresso volta a ser utilizada até á exaustão para enfatizar aquilo que está longe de ter a importância anunciada pelos suspeitos do costume enquanto ansiosos cangalheiros deste governo.
Conhecida a calamitosa situação financeira do grupo Impresa não espanta que julguem ter encontrado nesta habilidade a forma de adiarem a anunciada falência: convidam um membro do governo para uma entrevista, que teria quase uma aparência institucional, mas ficam à coca de quanto dela possam retirar do contexto, ou gravem à parte, como forma de passarem os dias seguintes a anunciarem sucessivas réplicas do terramoto, que pensam ter suscitado.
Essa peca argúcia só dura enquanto ministros e secretários de Estado se prestarem às armadilhas: quando a elas se escusarem, deixam os autores sem outra solução, que não seja recorrerem aos bitaites assoprados do palácio de Belém.
Mas peguemos na suposta chantagem: questionado sobre o que sucederia se as esquerdas votarem contra o Orçamento, António Costa deu a resposta mais do que conhecida: sabendo-se que não aceitará recauchutagens do Bloco Central, ou os parceiros permitem que ele seja aprovado (com votos a favor ou abstenções) ou há crise política.
Claro que Catarina e Jerónimo fizeram o que as direitas pretendiam deles ouvir: condenações mais ou menos veementes e promessas de venderem cara a rendição. Mas ambos sabendo que o risco de repetirem o acontecido com o PEC4 pode ainda ter piores consequências do que as então sofridas. E se a CDU até ganhou um deputado, o Bloco perdeu metade dos dezasseis que tinha. Será que nas sedes dos comunistas e dos bloquistas haverá expetativa de ganharem mais algum parlamentar para além daqueles com que contam atualmente? E quererão contribuir para que o coiso da extrema-direita ganhe condições para se tornar mais audível?
Continuo otimista quanto ao(s) próximo(s) orçamento(s), que devem responder adequadamente à grave crise em que nos deixa a pandemia. E que deveria merecer como prioritário objetivo de todas as esquerdas agirem de forma a que, extinto o partido do Chiquinho, idêntico destino seja dado ao do Aldrabão...
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