segunda-feira, 10 de agosto de 2020

No Novo Banco cumpre-se o ditado: cada tiro, cada melro!


Em 2015 o Novo Banco vendeu a seguradora Tranquilidade ao fundo norte-americano Apollo por 40 milhões de euros. Quatro anos depois, em Julho de 2019, o novo proprietário transacionou esse ativo, juntamente com a Açoreana e a Advance Care, à italiana Generali por 600 milhões de euros. Só à conta da seguradora que pertencera ao Grupo Espírito Santo a mais-valia foi de 410 milhões de euros, ou seja decuplicou o retorno nesse investimento.
O que a Administração liderada por António Ramalho tem feito nestes anos é cumprir escrupulosamente as intenções do Lone Star em libertar-se dos ativos mais suculentos do Novo Banco vendendo-o em negócios, que são manifestamente ruinosos, mas terão lógica dentro das imprevisíveis cumplicidades, que os seus donos têm com outros abutres financeiros. Veja-se o exemplo hoje denunciado no «Público» sobre mais uma operação em tudo semelhante à de 2015 e cujos «prejuízos» deverão ser compensados por verbas do complacente Fundo de Resolução: nas contas de 2016 o Novo Banco assegurava ter sido de 620,48 milhões de euros a verba despendida para a compra da seguradora GNB Vida. Na reavaliação desse ativo no primeiro semestre de 2019 esse valor descera para 391,2 milhões de euros. E em outubro desse mesmo ano procedeu à sua venda a fundos geridos pela Apax Partners por 123 milhões de euros assumindo um desconto de 68,5% em relação ao valor contabilístico inscrito no balanço de 30 de junho.
Para validar essa venda ao comprador - um especulador do setor dos seguros, Greg Lindberg , então julgado por corrupção e fraude fiscal pela Justiça americana, que confirmou o veredito na semana passada - o Novo Banco mascarou-lhe a identidade sem porém ser suficientemente hábil para evitar, que ela seja agora óbvia.
Nos sucessivos casos, que vêm sendo denunciados nas últimas semanas, existe uma constante aparência de negócios fraudulentos destinados a garantir lucros indecorosos a especuladores que, se alguns são conhecidos pelos seus problemas com a Justiça, outros permanecem escondidos numa clandestinidade que se pode suspeitar relacionada com todo o processo liderado pelo ex-secretário de Estado Sérgio Monteiro e tendo a cumplicidade do ex-governador do Banco de Portugal, Carlos Costa. Será que alguma vez viremos a conhecer verdadeiramente os meandros, que conduziram à venda do Novo Banco à Lone Star? E até quando o Ministério Público esperará para confrontar a gestão de António Ramalho com os inequívocos prejuízos financeiros impostos ao Estado português?

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