quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Relatórios, sondagens e um personagem acaciano


1. Até anteontem foi um  regabofe: as televisões, as rádios e os jornais exploraram sem pudor o falacioso relatório da Ordem dos Médicos dando do sucedido no lar de Reguengos de Monsaraz uma versão que, agora, veem-se obrigados a contrapor com a outra, assente em factos concretos e indesmentíveis: no pico da crise houve médicos que se recusaram a prestar assistência a quem dela urgentemente carecia e quem assim os incitou foi quem viria a servir de relatora ao referido documento. O Ministério Público já possui essa contraprova e poderá dela extrair conclusões, que tenderão a comprometer uma instituição cujo fito tem sido o de, nos últimos anos, servir de contínua contestação ao governo socialista. Sempre justificando a questão por que se terá mantido tão silenciosa quando Passos Coelho era primeiro-ministro e a saúde dos portugueses era continuamente posta em causa pelas medidas de destruição do SNS então implementadas a pretexto das (falsas) exigências da troika.
2. No último fim-de-semana também se conheceu a última sondagem da Intercampus, que deu azo a uma manipulação de números para demonstrar que o PS poderia perder o governo se toda a direita se associasse, nela se incluindo o partido fascista. Quem produziu esses títulos continua a promover uma força política que, se cingida aos 7-8 % com que a avaliam, será inimigo a ter em conta, mas a não sobrestimar - continuará muito aquém das percentagens de Le Pen em França, de Salvini na Itália, quiçá mesmo dos seus émulos holandeses, alemães ou austríacos - mas a obrigar as esquerdas a saírem das posições sectárias e a entenderem séria uma ameaça, que deverá ser aniquilada enquanto se mantém na dimensão atual.
3. Sabíamos que Henrique Monteiro, ex-diretor do «Expresso» e ainda um dos seus principais colunistas, é aquilo que sempre mostrou ser. Mas não deixa de abusar da paciência de quem o lê por obrigação de acompanhar o que pensa essa gente, quando vem protestar pelo facto de serem facultativas as aulas de Religião e Moral nas escolas e obrigatórias aquelas em que os petizes podem ser elucidados sobre os mistérios da sua sexualidade.
Que a escola laica e republicana ainda mantenha um privilégio, que a Igreja Católica usufrui por via da malfadada Concordata, já é absurdo que deveria ser corrigido. Mas que o pernóstico conselheiro Acácio dos nossos dias insista em comparar a inexistência divina com as buliçosas e bem reais hormonas dos adolescentes é algo que só confirma o que dele há muito pensamos...

Sem comentários:

Enviar um comentário