sábado, 8 de agosto de 2020

Quando a escolha de títulos não é nada inocente


É conhecida a relação quase siamesa entre o movimento internacional antivacinas e as ideologias de extrema-direita: quase sempre se encontram nos mesmos cenáculos os defensores de uma e de outra repelente forma de olhar para os comportamentos a assumir em sociedade.
Perante um estudo agora conhecido, que dá conta da predisposição das populações de sete países europeus em vacinarem-se ou não contra o covid, quando essa possibilidade se colocar, é muito diferente enfatizar que 3/4 dos portugueses querem-na aproveitar do que dar honras de capa à decisão de 1/4 rejeitá-la ou ter dúvidas.
Dada numa perspetiva positiva - até porque dos sete países em que houve essa consulta, Portugal está em segundo lugar na predisposição para a vacinação - a jornalista que assina a peça estaria a contribuir para o dever cívico de acautelar a proteção da saúde das populações. Ao fazer o contrário, porventura (o uso do advérbio é aqui intencional!) para garantir título mais sugestivo, Alexandra Campos colocou-se intencionalmente ou voluntariamente ao serviço da ruidosa minoria, que intenta recuar o país para políticas, que julgaríamos definitivamente arrumadas com o 25 de abril.

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