Há quem ande a fazer figas para que o Bloco de Esquerda repita os erros de 2010 e condene António Costa a tornar-se presa fácil das direitas. Podem sentir a inexistências nas direitas qualquer noção do que devem fazer para solucionarem os problemas do país no atual contexto, mas comprazem-se com a possibilidade de verem o patronato recuperar o desregulado ascendente dos anos cavaquistas e passistas. Por muito que o neoliberalismo dê mostras de crescente putrefação, ainda teimam em querer ressuscitar o morto.
Apesar da fala grossa de Catarina Martins nos dias mais recentes julgo tratar-se de mera estratégia negocial, substituída por comportamento assertivo e aberto a consensos nos mínimos denominadores comuns quando se sentar à mesa em que tudo se discutirá.
É que dificilmente será esquecida a lição colhida no ano em que Louçã deu a mão a Passos Coelho para derrubar o governo de José Sócrates. Na eleição seguinte o grupo bloquista no Parlamento decresceu para metade. Razão bastante para sentir-me confortado no otimismo em como existirá acordo escrito, com duração de um ou mais anos, capaz de garantir a maioria de esquerda na Assembleia da República e assim melhor serem contornados os bloqueios intentados por um Marcelo confortado pela recondução presidencial.
E também acredito em acordos - escritos ou de palavra! - com os partidos da CDU. Não só pela tendência dos votos nos sucessivos atos eleitorais, que aconselharão a só eles voltarem no fim da legislatura, mas também porque costuma haver um pragmatismo na atual direção comunista, que valorizará o pouco que se conquiste em detrimento do muito a perder caso as direitas regressem ao poder.
Sentir-me-ia ainda mais confiante se a missão de conseguir esse acordo fosse entregue a quem o conseguiu há quase cinco anos, mas esperemos que os substitutos de Pedro Nuno Santos saibam imitar-lhe a competência negocial e todos sentirem terem ganho o essencial.
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