Ontem de manhã constatei a mais recente campanha antigoverno, que o relatório da Ordem dos Médicos sobre Reguengos de Monsaraz pariria: na Sic Notícias um dos principais responsáveis pelo «Expresso», Vítor Matos, exultava por a ministra ter-se revelado «desastrada» na entrevista, que concedera ao jornal. Adivinhava-se o que estivera subjacente a esse pedido de entrevista: levar Ana Mendes Godinho a dizer inocentemente o que andava a preparar para responder à crise sanitária - milhares de contratações para os lares da Terceira Idade e centenas de milhões de euros entretanto despendidos para a ela responderem! - não dando qualquer enfase a esse lado da notícia, para a descontextualizar e, fraudulentamente, sugerir que a entrevistada nenhuma importância dava a tal setor.
Que Vítor Matos tenha vindo secundar a campanha lançada pelo seu jornal não admira: para quem tivesse alguma dúvida ele ficou definido na intriga que, meses atrás, organizou no «Expresso» para afastar um diretor honesto, mesmo que de direita (Pedro Santos Guerreiro) por um outro, (João Vieira Pereira), que toda a vida tem-se mostrado sem escrúpulos quando se trata de fazer vingar as suas posições ideológicas na mesma área. Não se sabendo se de motu próprio, se a mando de alguém, Vitor Matos criou as condições propícias para que o «Expresso» melhor cumprisse os desígnios dos seus patrões deixando-se de quaisquer paninhos quentes que o anterior diretor quisesse assumir perante o governo. Ao ver como Vítor Matos verberava a ministra logo se concluiu sobre o que se seguiria durante o dia: o Chicão a «exigir» a demissão da governante, logo secundado pelo putativo parceiro fascista e o PSD a anunciar uma convocatória da mesma ao Parlamento.
Que tudo isto dá razão à conhecida caracterização dos meses de verão como silly season não sobrarão dúvidas: nem o Ministério Público encontrará razões na peça ideológica da Ordem dos Médicos para ir muito mais adiante quanto ao que se passou em Reguengos de Monsaraz - e se o intentar não faltarão argumentos jurídicos para a desautorizar! - como todos quantos pedem demissões de ministros sempre andam de carrinho, quando o exigem a António Costa. A campanha dura um fim-de-semana, mas não se prolongará por muitos dias mais.
Lamento, porém, que por razões institucionais Ana Mendes Godinho só tenha podido reagir com elegância no desmentido às acusações que lhe atribuem. Pudesse ela dizer o que lhe ia na alma decerto não deixaria de lembrar que tem muito mais que fazer do que perder tempo a ler relatórios desonestos produzidos com objetivos ideológicos muito óbvios (ao contrário de quem se entedia entre duas selfies e outros tantos mergulhos e pode encontrar neles algum interesse para os seus próprios fins!) e não imaginara que chegasse tão longe a falta de vergonha dos que mandam no «Expresso» ultrapassando em muito o que pressuporia uma conduta deontológica aceitável.
Ana Mendes Godinho tem os números do quanto o seu ministério já gastou e se apresta a gastar nos lares da Segurança Social para demonstrar que muito fala quem nada faz, ao contrário do que consigo acontece.
As oposições politicas vivem e sobrevivem disso - criticas ao governo para colocar duvidas no povaréu.E este,muitas vezes,embarcam nessa canoa furada.
ResponderEliminarQue esperar de um jornal que luta pelo share jornalístico ombro a ombro com um tal Correio da Manhã?!
ResponderEliminarQue esperar de um jornal que em cada publicação não se senta à direita do espaço político; procura uma palavra ou uma vírgula da responsabilidade do governo, ou de um governante, para espezinhar o governo e abrir caminho à sua cor política, ou à voz do seu dono?!
Há muito que deixei de ler isto.
Gostava de poder publicar
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