quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Enquanto por cá reaparecem algumas múmias...


do resto da Europa vêm notícias animadoras, sobretudo de Itália, onde o Senado solicitou a intervenção das autoridades judiciais para confrontarem Matteo Salvini com o crime de sequestro cometido quando, enquanto ministro do Interior, bloqueou um navio cheio de imigrantes ao largo da Sicília. Mas também da Alemanha onde a tentação do partido de Angela Merkel em associar-se à extrema-direita da Turíngia para substituir o governo de esquerda, que só conseguira uma vitória minoritária nas recentes eleições, obrigou à queda de Annegret Kramp-Karrenbauer, até há pouco apontada como provável sucessora da atual chanceler.

Paralelamente inquieta a notícia do Washibgton Post segundo a qual uma empresa suíça, especializada em dispositivos de encriptação, foi fundada pela CIA para aceder sem entraves às telecomunicações de meio mundo, ou seja dos clientes que lhe compraram os equipamentos e não os sabiam em ligação direta com os servidores de Fort Langley.
Notícia impressionante é a que vem de África onde uma enorme nuvem de gafanhotos está a arrasar as colheitas dos países da África Oriental, precipitando uma nova crise alimentar na região.
Na América não sei se é animadora a vitória de Bernie Sanders nas primárias democráticas do New Hampshire. Positivo é decerto o abrupto trambolhão de Joe Biden, mas continuo a pensar que Elizabeth Warren será alternativa mais forte para vencer Trump. Não só por ser mulher, mas sobretudo por também defender políticas socialistas e apresentar melhor saúde do que o agora vencedor que, ainda há poucos meses, teve problemas cardíacos de alguma gravidade. Ora, como se viu em 1969, quando o assassinato de Robert Kennedy deixou o Partido Democrático sem a dinâmica capaz de contrariar a vitória de Nixon, imaginemos o que sucederia acaso até novembro se repetissem os problemas de Sanders e não houvesse tempo bastante para lançar uma dinâmica alternativa?
A concluir fico-me com a frase do dia, que cito a partir de um texto luminoso de Carlos Esperança: “A laicidade é uma exigência da liberdade religiosa, condição para que todos possam ter a sua crença, descrença ou anti-crença. Todos somos ateus em relação aos deuses dos outros, e os ateus só o são em relação a mais um.”

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