quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

A mediocridade e mesquinhez que nos ameaçam


Para mal dos nossos pecados a História portuguesa tem sido feita de uma sucessão de confrontos entre aqueles que os paladinos da dialética marxista, distinguem entre os velhos e os novos.
Se o espírito renascentista acompanhou o seu surgimento em Itália logo o clero e a aristocracia acautelaram o seu silenciamento através da Inquisição. Se um Marquês do Pombal consagrou na governação os valores dos Iluministas, logo uma viradeira deu plenos poderes a Pina Manique para lhes esmagar as aspirações progressistas. Se os republicanos derrubaram a monarquia e impuseram a separação entre a Igreja e o Estado ou a democratização do ensino, logo se alevantou a aventesma de Santa Comba a fazer-nos “pobrezinhos, mas honrados”. Se os capitães de Abril nos devolveram a Democracia e Mário Soares nos agregou ao que a Comunidade Europeia prometia ser, enquanto prenúncio de uma grande potência inovadora e continental, logo surgiu uma versão recauchutada do *lente de Coimbra” para comprovar que a mesquinhez preconceituosa germinada num posto de gasolina de Boliqueime encontrava no imaginário coletivo os apoiantes suficientes para nos imporem o horrível mostrengo por quase duas décadas.
E assim continua a suceder: a metade lusa, que execra a inteligência, e só se conforta com a promoção dos mais medíocres, não desiste de impor à outra metade alguns seres, que o mestre Almada Negreiros poderia reconhecer como aqueles compatriotas onde se identificariam todos os defeitos presentes em todas as grandes nações ... só lhes faltando as  qualidades que os compensassem e superassem. Daí termos aguentado com um cábula contumaz como primeiro-ministro entre 2011 e 2015 e olhamos para o lado direito da Assembleia da República com a pavorosa constatação de quanto ali se congregam os piores exemplos de rasteirice e preconceito.
Se à esquerda da bancada do Partido Socialista podemos encontrar estratégias e intervenções com que não concordamos, mas entendemos como fruto de uma obstinação ideológica desfasada dos constrangimentos e circunstâncias atuais, à direita não existe um pensamento coerente quanto ao tipo de país pretendido. Sobretudo na bancada laranja que passou a discussão orçamental em jogos tacticistas incoerentes, que se contradiziam entre si. Nada de estranhar: quando a cabeça não tem juízo e o país é que, à sua conta, se arrisca a pagar.
Mas a mesma pequenez da direita par(a)lamentar, encontra-se em Carlos Alexandre, esse juiz de Mação, que poderia revelar a argúcia tantas vezes presente em quem tem rústicas origens, mas dessa condição só reteve o ignóbil fanatismo que dedica aos que sabe superiores e expresso no manifesto ódio ao primeiro-ministro. É tanta a vontade de o acusar do que quer que seja, que tal aversão manifesta-se nos exercícios catárticos (ainda) propiciados pelo seu cargo. A resposta de António Costa às tropelias por ele cometidas em nome do seu estranho conceito de Justiça - publicando o texto, que os prosélitos da criatura já andavam a deturpar! - é uma estocada , que desejaríamos letal para quem reiteradamente desprestigia a classe a que pertence.

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