Há três ou quatro anos, pressionado por familiar que se dizia confortável em voar amiúde numa companhia de low cost, decidi fazer exceção à regra de sempre voar na TAP, tão-só tenha voos para onde queira ir, e segui o conselho. Para não mais repetir: se o argumento do custo mais baixo se cumpriu, não gostei de apanhar frio e chuva no Terminal 2 do Aeroporto de Lisboa, nem das condições vividas durante o voo. O espaço disponível era exíguo para os meus quase cem quilos e, se quis comer alguma coisa, acrescentei ao preço do bilhete o da sandocha solicitada.
Daí que não possa perdoar a Passos Coelho nada do que fez para prejudicar uma grande maioria dos portugueses e, sobretudo, o de, na sua fúria privatizadora, ter feito com a TAP um crime pelo qual deveria ser efetivamente incriminado. Assim como me indigno com a parolice - se for só essa a razão, algo que ainda estaremos por comprovar! - que moveu a Associação Comercial do Porto a meter a providência cautelar inibidora do apoio já autorizado pela Comissão Europeia. E, porque em termos de parolice, Rui Rio, continua a sê-lo sem qualquer disfarce, tem secundado os que pretendem associar a transportadora aérea ao Novo Banco, prosseguindo implicitamente a estratégia do líder anterior do PSD quanto à vontade em impedir o país em manter uma companhia de bandeira.
É claro que serão muitos os portugueses consonantes com o que exijo: ter no futuro, a médio e longo prazo, uma TAP com maioria de capital público, como tal reconhecido na composição do Conselho de Administração e da Comissão Executiva. Porque não esqueço aquele casal - por sinal residente no Porto! - que encontrei um dia no aeroporto de Frankfurt e proveniente do Japão onde fora visitar a filha aí residente. O facto de encontrar em mim um compatriota depois de muitas horas de voo desde Sidney, com escala em Bombaim ou Singapura, e a confiança de fazer na TAP o resto da viagem, dava-lhes a alegria de, finalmente, se sentirem quase em casa.
E essa é uma das vantagens que a TAP dá aos muitos portugueses que, nela viajam: a partir do momento em que entram num dos seus aparelhos sentem-se, mesmo a muitos quilómetros de distância, bem pertinho do sítio com que se identificam.
Sem comentários:
Enviar um comentário