terça-feira, 23 de junho de 2020

Condenada está a equipa em que se muda o treinador


O espetáculo a que mais gostaria de ter assistido nos últimos dias foi o da descontrolada fúria de Donald Trump no avião presidencial, que o levava a Tulsa quando lhe chegou a notícia de estar a um terço o estádio de 19 mil lugares contratado para palco do seu primeiro comício para a almejada reeleição. Dias antes o diretor de campanha. Brad Parscale ufanava-se do milhão de inscritos para compareceriam ao evento, razão bastante para organizar palanque no exterior donde Trump falaria aos entusiásticos apoiantes, que não teriam conseguido bilhete para entrar no recinto.
Hoje sabe-se que Brad Parscale terá ingerido o veneno por ele próprio disseminado há quatro anos quando conseguira, à custa de trolls, de fake news e outras habilidades nas redes sociais, levar Trump à Casa Branca. Com tal sucesso, que doravante fora conhecido como o «génio» da informática, capaz de aproveitar-se as fragilidades dos atos eleitorais norte-americanos para conseguir os seus fins com formas imaginativas de as reverter a seu favor.
Agora muitos milhares de jovens frequentadores de uma rede social com muito sucesso nos EUA - a TikTok - ter-se-ão concertado para reservarem lugares no estádio de Tulsa sem a mínima vontade de nele comparecerem.
Iludido com o «encanto» mediático do patrão, Parscale terá acreditado no que julgava verdadeiro e o resultado foi o flop que se viu.
Ivanka Trump e o marido Jared terão ficado tão fulos com o comprometedor fracasso, que exigiram a imediata substituição do «génio» caído em desgraça. Para benefício da maioria dos norte-americanos, que querem ver Trump pelas costas e para tal se mobilizam ativamente,  esquecem uma das regras comummente demonstradas no futebol: quando uma equipa arrisca a descida de divisão raramente resulta mudar de treinador. Por muito que os patrões queiram enganar-se sobre as culpas nos fracassos, eles explicam-se simplesmente pela falta de qualidade de quem a compõe. Ora em Trump o problema não é a campanha estar mal dirigida pelo anunciado bode expiatório, mas ele próprio. O que prenuncia outro bico de obra para si: acaso a derrota perante Biden não seja desastrosa poderá protelar a entrega das chaves da Casa Branca exigindo recontagem de votos, metendo processos judiciais por alegadas fraudes do adversário e outros estratagemas, que divida mais o país entre os fanáticos, que nele acreditam, e o resto do eleitorado. Mas, acaso se confirmem as sondagens já conhecidas, mormente a da Fox News, até recentemente a sua mais idolatrada fonte de (des)informação, o que sucederá na primeira terça-feira de novembro tenderá a ser-lhe achincalhante...

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