Do PAN não me espanta que tenha avançado com a iniciativa hoje tomada para que Mário Centeno e Mourinho Félix não sejam o governador e o vice-governador do Banco de Portugal, quando Carlos Costa acabar o seu mandato. Dizendo-se nem de esquerda nem de direita, os deputados do partido dos animais portam-se com a irracionalidade dos mesmos, sem a inteligência de que eles dão mostras quando se trata de lutarem pela sua resiliência.
Da direita, desde a mais civilizada à que tem a barbárie como objetivo, nada espanta, e o seu sentido de voto é o que dela se pode esperar.
A abstenção do PCP e do PEV aceita-se porque bastaria o Bloco de Esquerda imitá-los para que a proposta parlamentar não passasse. Ora não foi isso que sucedeu: revelando a infantilidade extremista, que sempre os farão idiotas úteis das direitas, os bloquistas alinharam na farsa. Uma vez mais demonstraram porque nunca se lhes poderão confiar responsabilidades governativas dada a tendência genética para pugnarem pelo quanto pior melhor.
A substituição da atual equipa dirigente do Banco de Portugal por Centeno e Félix daria a António Costa a confiança de contar com a competência de quem, perante ameaças sérias no horizonte, a instituição acautelaria o sistema financeiro sem o deixar cair à beira do precipício como sucedeu com Carlos Costa. Agora, que o Bloco inviabiliza tal possibilidade, que político de direita quererá ver à frente da instituição para dela, boicotar na medida do possível, o governo socialista? Ansiará por Catroga, que se põe em bicos dos pés numa entrevista a dar por estes dias ao sobrinho de Dias Loureiro? Suspirará por Maria Luís Albuquerque cujas competências ficaram à vista nos infaustos anos em que foi ministra? Pretenderão que do FMI regresse o primo de Louçã e dê, uma vez mais, mostras do seu fanático neoliberalismo? Ou aceitarão de bom grado Helder Rosalino que, depois da passagem pelo governo de Passos Coelho, andou a ser apaparicado por Carlos Costa para ser seu sucessor?
O que se passou esta tarde no Parlamento foi uma lamentável demonstração da politiquice no que de pior ela pode sugerir. E o Bloco assume a responsabilidade pelo seu voto, quando as circunstâncias o põem ao lado do PAN e dos demais partidos das direitas, denotando uma falta de escrúpulos que, infelizmente, parece estar-lhe nos genes.
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