sexta-feira, 26 de junho de 2020

Quando a política fica no registo da anedota


Não têm sido necessários muitos anos para percebermos que certos partidos políticos enquadram-se no registo da anedota. Vimos recentemente a tese demonstrada com Joacine e o Livre e temo-la agora com o PAN, eivado de uma pandemia que, segundo outra boa piada nas redes sociais, está a transformar-se cada vez mais em AN, porque as pessoas estão dele a fugir aceleradamente. E, a prazo, o partido do Chicão arrisca-se a seguir-lhe o exemplo, porque o do Aldrabão tenderá a representar mais convincentemente aquela franja de gente deplorável que sempre nele se viu representada.
Que o Chega pouco mais longe irá não é difícil prevê-lo: há quem se assuste com os 6 ou 8 por cento, que o seu «querido líder» alcançará na pugna com Marcelo nas presidenciais do próximo ano, mas tendo em conta a abstenção de um bom número de socialistas que nunca votarão no atual inquilino de Belém na primeira volta, essa «proeza» equivalerá à do Tino de Rans há quatro anos e que teve o seguimento conhecido.
André Silva terá alguma razão quando associa aos trânsfugas o arrivismo das suas intenções. E não falta, de facto, quem por aí ande a passear a mediocridade dos seus méritos e os procure iludir dentro dos partidos, sobretudo se eles lhes prometem cargos razoavelmente bem remunerados no parlamento ou numa qualquer outra sinecura: por muito que fiquem caladinhas até ao fim da legislatura, quer Joacine, quer a deputada setubalense do PAN têm resolvido o  problema do emprego por mais três anos. Para não falar do balúrdio que o seu ex-deputado europeu auferirá mais ou menos no mesmo prazo.
É por isso que confio nos partidos há muito estabelecidos, e muito especialmente naquele em que milito há trinta e muitos anos: é que, embora não faltando arrivistas no seu seio - é sabido quanto me não conformo com a clique que domina aqui no Seixal! - terá de passar por muitos filtros quem acaba por chegar aos cargos politicamente mais determinantes para que os cidadãos se sintam melhor servidos por quanto decidam. Existirão assim condições para que venham a ser escolhidos os mais competentes, por muito que a realidade se encarregue de mostrar quanto isso falha, quando são os Cavacos, os Passos Coelhos, as Albuquerques, os Relvas e outros que tais a habilidosamente a eles se alcandorarem.
Aos pequenos partidos, sobretudo nos que surgem nos céus como fogachos luminosos tipo cometas, mais facilmente se penduram os ambiciosos sem qualidade para subirem muitos degraus acima daquele em que, segundo o conhecido princípio de Peter, já se revelaria à saciedade a sua incompetência.

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