quarta-feira, 24 de junho de 2020

O nunca por demais recordado Mariano Gago


Se quisermos ter dos portugueses uma perspetiva justificadamente negativa podemos sublinhar-lhes a tendência para condenarem ao esquecimento os melhores de entre eles, porque poderão subsistir sem escândalo os cuja mediocridade melhor justificaria tal condenação.
Explica-se assim que os dez anos sobre a morte de Saramago quase se passassem sem referência, bem como os 50 anos de idade que, hoje, Bernardo Sassetti faria. Não podemos, pois, admirarmo-nos com o esquecimento a que é sujeito Mariano Gago, apesar de terem sido determinantes para Portugal os anos em que foi Ministro da Ciência e Tecnologia (e do Ensino Superior num deles) em quatro governos constitucionais, liderados por António Guterres e José Sócrates. Apesar de tudo quanto os governos do PSD/CDS fizeram, entretanto, para lhe prejudicarem a herança, os resultados das suas políticas vão-se afirmando, como agora sucedeu com o relatório do European Innovation Scoreboard, que situa Portugal no grupo mais avançado dos países fortemente inovadores.
Acaso Passos Coelho e sua companhia, tivessem prosseguido na rota de vocacionar o país para se tornar numa espécie de Bangladesh da Europa e a notícia de hoje nunca ocorreria. Mas como foi atirado para o tal caixote do lixo em finais de 2015 o referido relatório dá Portugal como único país do sul a ficar entre os doze primeiros entre os 27. Portugal equipara-se à França e a Alemanha, deixando para trás a Espanha  ou a Polónia. E, porque o carácter visionário da ação de Mariano Gago só a prazo se revela, o relatório sublinha o enorme salto dado nos últimos dois anos em que a pontuação do ranking subiu 20%. Com este acelerar da herança poderemos estra otimistas quanto ao que revelarão os próximos relatórios.

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