quarta-feira, 3 de junho de 2020

Algumas razões para ser um otimista irritante, mesmo que com algumas reservas!


1. Quase por certo João Pinto, antigo capitão do F.C. Porto não sabia o que afirmara Winston Churchill décadas antes, quando lhe reproduziu a mesma ideia de forma muito simplificada, mas prefiro a versão original, aquela em que o antigo primeiro-ministro inglês asseverava que a previsão constitui arte difícil, sobretudo quando diz respeito ao futuro. Mas poderemos sempre ensaiar os nossos dotes de zandingas, esperando sair melhor do esforço que aqueles «brilhantes» astrólogos capazes de preverem faustosos tempos para o ano em curso sem imaginarem o quanto a pandemia os desmentiria com fragor.
Aceito a opinião de Francisco Louçã, quando assegura a intenção das extremas-direitas em saírem mais fortes da atual pandemia “aterrorizando a sociedade e impondo o autoritarismo como novo normal”. Mas confio na forte hipótese de Trump, Bolsonaro & Cª estarem a viver aquilo que o mesmo comentador designa como “momento Chernobyl”, ou seja uma daquelas ocorrências que, pela dimensão e consequências, significa a mudança de paradigma. Até porque, no seu desejo de resiliência, a espécie humana execra a balbúrdia e, como Daniel Oliveira escreve noutro texto “Trump não é responsável pelo caos, Trump é o caos.”
2. Por cá o Aldrabão replica o que vai ouvindo do inquilino da Casa Branca esperançado em conseguir-lhe replicar o sucesso, quando os eleitores voltarem a expressar nas urnas a sua vontade. Espanta que a inteligência da criatura se esgote no incomensurável oportunismo e não conclua improvável, se não mesmo impossível, que as mesmas águas voltem a passar por um qualquer local das margens de um rio. Aquilo que valeu para a minoria de norte-americanos, que elegeu Trump há quatro anos, não tem qualquer correspondência com a realidade portuguesa atual. Por isso tenho a ideia de que ele será uma espécie de Pardal dos camionistas que, após mediática notoriedade, ficará definitivamente remetido ao merecido olvido.
 Com a argúcia do costume o «Jovem Conservador de Direita» comenta a seu propósito: O dr. Cabeça de Geleia é como um polo da Lacoste que tem um sapo em vez de um crocodilo e que está todo a descolar, quase a deixar ver a suástica.”
3. No editorial do «Libé», o seu diretor, Laurent Joffrin, faculta argumentação complementar a quem olha para o futuro próximo e a médio prazo, com justificado otimismo, citando alguns especialistas que acreditam estarmos, não perante a falta de petróleo, mas a sua superabundância, permitindo um plafonamento da procura correlacionado com o crescimento das energias renováveis, o progresso das mobilidades ligeiras e a previsível mudança de comportamentos, que favoreçam, em conjunto, a luta contra o arrefecimento climático. Uma visão completamente oposta à dos que anunciam cenários distópicos.
4. Leitor atento dos textos de António Costa e Silva, que o primeiro-ministro indigitou como consultor para repensar a estratégia futura do país - e não para organizar a negociata das privatizações como Passos Coelho fez com o tenebroso António Borges! - fui dos que encarei com entusiasmo essa prevista colaboração. Ao contrário da miopia incurável de Rui Rio ou da completa cegueira dos ultraliberais mais ou menos fascistas, acredito na importância de se subir tão alto quanto possível, vislumbrando o previsível futuro para o preparar com as políticas mais adequadas à melhoria da qualidade de vida aos portugueses de acordo com a sempiterna preocupação com a devida justiça na distribuição de rendimentos. Daí que não me entusiasme em nada a ideia de dopar os mercados, permitindo que os interesses privados continuem a sobrepor-se ao bem coletivo! Prefiro nacionalizações ou fortes participações do Estado em todos os setores onde importa vê-lo exercer um papel ativamente regulador.
Razão para me inquietar a profissão-de-fé de Costa e Silva na entrevista ao «Público» ao defender um pacto entre o Estado e as empresas que também inclua a retirada daquele quando a economia ganhar fôlego.
O futuro exige políticas socialistas e não a rendição às ilusões sociais-democratas, que fizeram sentido nos Trinta Anos Gloriosos, mas em nada se enquadram com as realidades do século XXI.
5. No entretanto, e para quem tem seguido a novela em torno do autoritarismo grotesco do diretor clínico do Hospital Garcia da Orta e o apoio, que vem merecendo da sua administração, o Ministério da Saúde ainda os não demitiu...

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