1. O sucedido no autocarro do Benfica ou nas residências do treinador e alguns jogadores confirma o que concluí do julgamento dos energúmenos envolvidos no assalto à Academia de Alcochete: mostrando-se inexplicavelmente branda com os arguidos, a Justiça autorizou os bárbaros das bancadas dos estádios a replicarem tão hediondos comportamentos.
A (in)cultura sectária que os jornais desportivos e os intermináveis programas televisivos, com comentadores a emitirem «reflexões profundas» sobre o que nenhuma atenção justificaria, produziu uma geração abrutalhada, que reage como tal e facilmente se torna presa fácil da extrema-direita e de gangs criminosos.
O poder político já demorou demasiado tempo a travar uma dinâmica, que se vai traduzindo em delitos cada vez mais graves. Em Alcochete e no autocarro do Benfica agrediram-se jogadores esbatendo-se a distância entre ferimentos sérios e a morte provável de futuros alvos da ira de tal gente. Será que só então se proibirão as claques e se cria uma legislação fortemente repressiva contra quem se tem colocado à margem do que são os deveres dos cidadãos numa Democracia?
2. Sem surpresa surge mais um caso de investigação a um juiz que, singularmente, habita há vários anos numa casa de Queijas arrestada pela justiça no âmbito do processo BPN. Mais uma confirmação da brandura com que o poder político tem olhado para os casos de corrupção em juízos e magistrados, tal qual o constatara um organismo do Conselho da Europa esta semana. E assim se compreende melhor o sentido de certas sentenças e arquivamentos de investigações relacionadas com políticos de direita e de extrema-direita, cujas cumplicidades no aparelho de Justiça parecem evidentes.
3. Marcelo foi novamente almoçar com Rui Rio para sinalizar o quanto dele se sente próximo ideologicamente e se pretende demarcar da colagem assumida por António Costa na visita à Autoeuropa. Reconheça-se-lhe a honestidade: o escorpião, desta vez, não tenta iludir as intenções, avisando ao que vem antes de ser levado às costas por alguns socialistas na próxima eleição presidencial. Razão mais do que fundamentada para muitos socialistas - aqueles que se identificam com o anunciado incómodo de Pedro Nuno Santos! - nele não depositem o voto. Tanto mais que o Aldrabão vai-se afundando no sucessivo desmascarar da sua sinistra personalidade, poupando-os a opções que não fazem, nem nunca fizeram sentido!
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