sexta-feira, 29 de maio de 2020

Sinais animadores para o curto e médio prazo


19 milhões de euros por dia é o que se perspetiva como valor dos apoios da União Europeia a Portugal para corresponder aos desafios económico-financeiros decorrentes desta crise sanitária. Ou seja, em sete anos, entrará nos cofres do Estado metade do valor dos apoios recebidos desde a adesão à então CEE. O que poderá desiludir as direitas quanto ao que poderiam almejar: se há nove anos valeram-se do abandono europeu ao governo de José Sócrates, e da conivência do Bloco e da CDU, para o derrubarem, quando estava a levar em cheio com os efeitos da crise iniciada com os subprimes norte-americanos, agora bastará a competente gestão desses fundos pela equipa ministerial liderada por António Costa para verem o acesso ao tal pote como uma improbabilidade certa. Porque a capacidade de devolver aos portugueses a confiança reconquistada nos últimos quatro anos e meio bastará para manter as direitas nas primeiras páginas por causa das suas antropofágicas crises.
Sinal complementar dessa perspetiva positiva foi a queda da taxa de juro da dívida soberana portuguesa a dez anos para uma percentagem inferior a 0,6%. O que significa a relativa facilidade com que o governo poderá manter a dívida controlada enquanto se vai financiando nos mercados.
A competência demonstrada pelo governo na gestão desta crise avulta noutros números ontem conhecidos e igualmente eloquentes: enquanto em Portugal mais de 1,2 milhões de trabalhadores estão a ser apoiados mediante o lay-off, que os poupará ao desemprego, os Estados Unidos viram mais dois milhões de desempregados somarem-se aos 40 já contabilizados desde que a pandemia evidenciou os efeitos das políticas de Trump. Situação que ajuda a explicar o que está a acontecer em Minneapolis e noutras cidades desde que se soube do homicídio de um afro-americano por um criminoso vestido de polícia. Aquilo que se saldaria por umas quantas manifestações de justa indignação está a traduzir-se na explosão de um barril de pólvora feito de muita frustração acumulada pelas classes mais desfavorecidas. Aquelas que tenderão a revoltar-se facilmente contra a cada vez mais desigual distribuição de rendimentos entre elas e os multimilionários, que se comprazem com os seus obscenos e mediáticos caprichos.

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