quinta-feira, 7 de maio de 2020

A canalhice de Rui Rio


Segundo o dicionário o canalha é vil, sem valor, tem mau caráter, desprezível. Um velhaco desprovido de moral. Todas estas explicações do termo se ajustam a Rui Rio que, incompreensivelmente, suscita alguma complacência, se não mesmo simpatia, em alguns que se situam à esquerda.
Porque é diferente de Passos Coelho, dirão! Pois é esse mesmo o problema: do antigo primeiro-ministro da troika já se sabia o que se poderia esperar. Era o lobo que, a uivar, se aproximava do rebanho ciente da sua força (a maioria parlamentar) e abocanhava as vítimas sem qualquer escrúpulo.
Rio Rio é mais matreiro, até por saber-se condicionado pelas próprias fraquezas. O grupo parlamentar não lhe basta para ir além de alguns ataques sempre que julga oportuna a ocasião. É o lobo disfarçado com pele de cordeiro, que se junta ao rebanho e investe quando julga distraído o pastor.
O que dele ontem se ouviu a propósito do ajuste direto na aquisição de meios de proteção contra o covid-19 é inqualificável na sua canalhice. Não lhe bastou que o Portal Base já contenha toda a informação sobre os contratos assinados, numa transparência, que deveria merecer-lhe os devidos elogios, e logo se apressou a lançar injustificada suspeição sobre a probidade da ministra, cuja competência e esforço têm sido notáveis nesta crise.
Premiar tão exigente sacrifício com o pedido ao Ministério Público para que, implicitamente, um qualquer Rosado Fernandes a acuse e um qualquer Carlos Alexandre a mande prender é revoltante.
Que pretenderia Rui Rio? Que perante a urgência do combate contra o vírus, o governo lançasse concursos públicos, que durariam meses, decidisse quem seriam os contemplados com as compras e depois se sujeitasse às impugnações dos preteridos (como está a acontecer com as carruagens tão necessárias para a CP?). Quantos portugueses teriam, entretanto, morrido, se fosse essa a sua opção?
E que dizer da falácia do argumento de contemplar materiais a serem entregues só para o ano? Não se constatou o défice de oferta no mercado mundial, que fez demorar a possibilidade de um mais fácil acesso a máscaras e a outros dispositivos tão necessários nesta altura? Esperar-se-ia que os outros países se aprovisionassem e nós ficássemos à espera, quando as melhores previsões para o aparecimento da miraculosa vacina apontam para uma espera de mais doze a dezoito meses em que tais produtos se revelarão essenciais?
Rui Rio sente-se agastado com as sondagens, que aprovam as decisões do governo. Deve contorcer-se de  raiva sempre que a imprensa internacional elogia o modelo português de resposta à crise. E daí, deixa transparecer a sua verdadeira natureza.

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