quarta-feira, 27 de maio de 2020

Os labirínticos meandros em que o populismos e vai enredando


1. A realidade anda a virar-se contra Donald Trump. As certezas quanto a um segundo mandato vão-se esboroando à medida que o seu radicalismo suicidário começa a perder seguidores. Exemplo: o uso ou não de máscaras de proteção contra o covid-19. Quando as sondagens indicam uma clara adesão dos norte-americanos a elas perante os avassaladores números das vítimas do vírus, ele afronta esse sentimento maioritário passeando-se sem tal proteção e abrindo guerra contra os governadores, que insistem na sensatez contra a adversidade sanitária. 
Trump tem pressa em ver infletida a taxa de desemprego, que sobe a níveis há muito desconhecidos. Perante ela o discurso eleitoral para sair-se vencedor em novembro peca pela inverosimilhança e falta de substância: nem os chineses parecem grandemente responsáveis pelo que sucede em território norte-americano, nem a mirifica hidroxicloroquina confirma a bondade das supostas virtudes nas presentes circunstâncias. Assim o demonstra a revista Lanceti  num artigo letal para com os seus defensores. Daí que, prudentemente, e pela primeira vez, a empresa gestora do Twitter passou a aconselhar aos seguidores dos tweets fraudulentos de Trump a aferirem noutras fontes de informação a veracidade do que ele diz. O que poderá impulsionar as demais redes sociais a escrutinarem mais aprofundadamente as fake news provenientes da Casa Branca.
Por estes dias Trump só se pode consolar com o apoio dado por Elon Musk ao convidá-lo para o lançamento da nave, que encaminhará dois astronautas norte-americanos para a estação espacial. Mas, desconfia-se que, por esta altura, os eleitores norte-americanos andem demasiado assoberbados com os problemas na Terra para se entusiasmarem com os novos feitos da aeronáutica.
2. Completamente desconhecido entre nós, o professor  Raoult  ganhou imerecida notoriedade em França à conta da intransigente defesa da mesma cloroquina, que Trump e Bolsonaro têm promovido como falsa solução de combate ao covid-19. Considerado quase um deus em Marselha, donde perora sucessivas diatribes, chegou a merecer a visita de Macron, quando um estudo, logo denunciado pela comunidade científica, o dava como inventor da panaceia para a atual crise.
Agora que a Lancet o dá indiretamente como mentiroso, escusa-se a pedir desculpas públicas e dispara em todas as direções, mas sobretudo contra a indústria farmacêutica que, farejando ganancioso negócio com as futuras vacinas, estaria a retardar a cura dos milhões de infetados a nível mundial. Tal teoria da conspiração foi logo agarrada pelas extremas-direitas, que se pelam por histórias de audazes heróis solitários contra grandes potentados, por agora a estratégia mais eficaz para continuarem a enganar os muitos imbecis, que nelas acreditam...

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