O bom hábito de pedir desculpas públicas por espalhar falsidades existe na Coreia do Sul onde dois deputados, trânsfugas do vizinho norte, acabaram de o fazer, porque viram crescer as críticas em relação ao que haviam mentido a propósito da morte de Kim Jong Un.
Seria desejável que existisse, entre nós, o mesmo bom hábito, quer o da indignação perante as fake news, quer o da humildade de confessar o erro por parte dos que o terão espalhado.
Vem isto a propósito da inqualificável campanha do diário da Cofina a respeito das eventuais pressões do secretário de Estado da Juventude e Desportos, João Paulo Rebelo, sobre o presidente da Câmara de Viseu, para que se fizesse cliente dos testes comercializados pela empresa de um antigo sócio. O próprio Almeida Henriques logo cuidou de desmascarar a mentira, por não se sentir pressionado, nem sequer assim o entender.
O próprio João Paulo Rebelo confessou-se estupefacto com a deturpada interpretação das suas palavras porque limitara-se a reiterar aquilo que os seus interlocutores bem sabem: que a tal empresa de Tondela (a ALS Portugal) é a única do distrito de Viseu a ter capacidade para realizar tais testes.
O episódio só serve para demonstrar como a situação atual deixa muita gente entalada ao querer à viva força encontrar motivos para corroer a popularidade do governo atestada em todas as sondagens, agarrando-se ao absurdo para iludir os mais ingénuos.
Daí que tenham, igualmente, trazido á baila a história das adjudicações por ajuste direto de materiais de proteção contra o vírus, como se essas decisões carecessem de suporte legal e pudessem compadecer-se com a morosidade dos requisitos dos concursos públicos. A imprensa, que explora esta linha de contestação ao governo, passa um manifesto atestado de estupidez aos seus consumidores.
Entalados também os há no CDS com o inaudito episódio de Nuno Melo lançar uma campanha contra a suposta aula dada por Rui Tavares na telescola, o que não só foi falso na forma, como no conteúdo. O deputado europeu denunciou o desespero de saber-se destinado ao desemprego tão só as tais sondagens tenham expressão nos próximos atos eleitorais. O CDS, que logo se apressou a secundar tal alarido, parece irremediavelmente condenado à definhada grupusculização.
Bem mais sensato o vice-presidente do PSD, David Justino, comentou o assunto e pôs-se a milhas de lhe dar a importância que os habituais parceiros de coligação pretenderiam: "Basta rever a aula para perceber que o alarido é desonesto, manipulador e próprio de uma direita trauliteira sem escrúpulos. Eu não teria a paciência do Rui Tavares para responder a estes ataques. Por muito que discorde dele, neste caso tem toda a razão".
O PSD é, de facto, o objeto de sedução dos que se situam à sua direita e esperam juntar as parcas forças de todos para mostrarem alguma relevância. Mesmo julgando-se quem não são. Exemplo disso é o Aldrabão da extrema-direita, que enviou uma missiva amorosa a Rui Rio, propondo-lhe que se associe à sua inconstitucional iniciativa de organizar a guetização acelerada das comunidades ciganas. Se tal conteúdo é, em si, repugnante, tem outra caracterização a forma como inicia a adocicada carta: o remetente exulta por ele e Rio liderarem as direitas nacionais, pondo-se na tal posição da rã decidida a a imitar a corpulência do touro. Se o ridículo matasse, por esta hora já as notícias davam conta do merecido fim do biltre.
Entalados, mas com mais subtileza, estão os locutores dos telejornais da SIC, que insistem na exploração do tema da manifestação da CGTP no 1º de maio, apesar de não recolherem retorno visível da insidiosa campanha. No fundo dão razão ao provérbio sobre quanto enoja o que é demais! Mas, como Daniel Oliveira muito bem opinou, que topete o da portadora do microfone ao questionar Jerónimo de Sousa sobre o não acatamento do dever de confinamento devido à sua idade. Ora, sabemo-lo bem!, ela nunca se atreveria a pôr a mesma questão a Marcelo, quando anda a comprar livros no Chiado ou nas visitas com que procura justificar a quotidiana presença nas notícias! Como se um líder político tivesse de ficar em casa e o selfieman de tal devesse ficar isento.
E olhando lá para fora atentamos noutro entalado: já repararam na mudança de expressão facial e corporal de Donald Trump nas últimas semanas? Numa altura em que o número de mortos nos Estados Unidos já ultrapassa os verificados na guerra do Vietname e em que sondagens em três Estados fundamentais para a sua vitória de 2016, o situam muito atrás do candidato democrata, ele sabe que a crise económica e social cerceia-lhe as ambições para a vitória de novembro. E, cada vez mais, sentirá o chão a fugir-lhe debaixo dos pés...
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