quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Y el mundo sigue girando...


Na semana passada havia-o aqui escrito e assim o vi confirmado: a aprovação do Orçamento Geral do Estado para este ano de 2020 constituirá uma mera formalidade, porque, mesmo através das abstenções, as esquerdas sabem ponderar definitivamente o que têm a ganhar ou a perder se não se concertarem com o governo para prosseguir a caminhada conjunta iniciada no final de 2015. É que, quatro anos passados, e mesmo em aparente crise nas suas representações políticas, as direitas não perderam a sua carga virulenta: perante a ineficiência do PPD ou do CDS têm sempre a seu favor a maior parte da imprensa e das redes sociais, os juízes e os magistrados do ministério público, as ordens profissionais e até a provedora da Justiça que, por estes dias, apareceu com a ideia peregrina de haver manuais escolares gratuitos no ensino privado. A referida criatura reconhece não ter razão para, constitucionalmente, exigir essa benesse a quem mete os filhos no ensino privado, mas procura abrir uma pequena nesga pela qual volte o forrobodó de ter o Orçamento a financiar os colégios religiosos e os pertencentes a quem considera a educação um bom negócio para encher os cofres.
Felizmente que, aqui ao lado, os espanhóis passaram a ter aquilo que, ainda há poucos meses se afigurava impossível: um governo de coligação com as esquerdas a dividirem as pastas ministeriais entre si. Depois de ter-se esfumado a esperança de Portugal dar o exemplo a ser seguido pelos demais governos europeus, é a vez de Pedro Sanchez e Pablo Iglésias demonstrarem os benefícios de se ter finalmente dobrado um cabo das Tormentas. Acaso vençam todos os escolhos metidos por uma direita radicada ideologicamente no golpismo franquista, poderão mostrar à generalidade dos partidos socialistas e sociais-democratas europeus qual a melhor estratégia a assumir para reduzir as extremas-direitas às suas merecidas irrelevâncias.
E continuamos com Trump a assombrar-nos os dias não havendo grandes dúvidas quanto ao verdadeiro objetivo do assassinato de Qasem Soleimani: se Clinton disparava mísseis sobre Belgrado para atirar uma cortina de fumo sobre o impeachment, que ameaçava expulsá-lo da Sala Oval, o pato-bravo de Queens repete-lhe a estratégia. Daí ter vindo, com a maior das canduras, propor que o processo fosse arquivado para lhe dar tempo para melhor «defender os interesses da América» contra os terríveis aiatolas.  Tivemos, pois, uma repetição da matéria há muito dada e, infelizmente para ele, não esquecida entretanto. Mas até às eleições de novembro estamos fadados para lhe aturar os perigosos disparates...

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