quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

O execrável populismo de Marcelo


Bem gostaria de me livrar de Marcelo como quase constante alvo das minhas críticas, mas como evitá-lo se ele me dá sobejas razões para que tal continue a acontecer? Agora foi na cerimónia de início do ano judicial, quando fez uma declaração do mais soez populismo:  “Alguns espíritos chocaram-se com o ser possível a magistrados terem estatuto remuneratório superior ao de primeiro-ministro e mais próximo do estatuto do Presidente da República. Não consegui compreender o racional - como se diz agora - de tais perplexidades”
Um Presidente com sentido de Estado  porfiaria em combater os populismos, que fazem dos políticos os bombos de uma festa em que o objetivo é apenas substituírem-se a eles, mantendo ou mesmo aumentando então as respetivas mordomias, tão-só estejam em condições de imporem pela força a agenda em prol dos suspeitos do costume, ou seja, desses patrões que lhes financiam lautamente os cartazes e demais instrumentos de manipulação coletiva sem que os tais magistrados os investiguem rigorosamente conforme deveria ser o seu imperativo. Será por terem eles quem afinal lhes garantem uma posição injustificada de privilégio em relação aos políticos relativamente aos quais sempre ganharam menos ou aos militares que se lhes equiparavam? Se as coisas não são assim, pelo menos parecem...
Para que não fiquem dúvidas sou dos que defendem que as remunerações atribuídas a partir do Orçamento Geral do Estado devem ter no topo da hierarquia o Presidente da República, seguido do Presidente da Assembleia da República e do Primeiro-ministro. Só depois faz sentido que venham os juízes, os militares, os professores, os médicos e outras carreiras, que merecem equiparar-se em importância. Porque qual a razão para um juiz do Supremo ou do Tribunal Constitucional ganhar mais do que um general, um professor catedrático ou um médico especialista? Pegando na expressão de Marcelo qual é o racional de não ser assim a partir de agora?
Ouvir Marcelo dizer que o aumento dos políticos fica para depois pode ser do agrado das manchetes dos pasquins da Cofina mas em nada contribui para que o governo da nação ou a Assembleia da República sejam constituídos pelos cidadãos mais qualificados porque, perante as condições remuneratórias oferecidas para o exercício de funções oficiais, sempre preferirão a comodidade de optar pelo setor privado, onde ademais se poupam ao fácil achincalhamento que os meios de comunicação e as redes sociais, infestadas por biltres direitistas, se esforçam por disseminar. Como é exemplo lapidar esse Tavares, dileto amigo de Marcelo, que se serve da última página do jornal da Sonae para desconsiderar quem a dormir sabe mais da política ou da gestão do que ele com os olhos todos abertos, ainda por cima convencido de ter alguma razão nas atoardas que derrama no papel...

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