segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Da vitória de um tal Chicão às várias direitas que andarão por aí


Se em condições normais os canais de notícias são para só serem acompanhados sem som para que, da atualidade, só sobrem os factos escolhidos pelas suas direções editoriais como mais relevantes, este fim-de-semana só por eles passei com a rapidez de cão a correr por vinha vindimada. É que, fazendo zapping entre eles, a prioridade deixou de ser a epidemia provocada pelo coronavírus de Wuhan ou as comemorações relacionadas com os 75 anos da libertação do campo de Auschwitz pelo Exército Vermelho.
De canal em canal lá aparecia aquele pirralho com ar muito convencido, que tanto se aproveitara com a fake new a propósito das casas de banho mistas na escola pública ansiando competir com o Ventura do Chega na compita para, replicando a bruxa má da Branca de Neve, olhar-se ao espelho e perguntar-se quem conseguirá ser mais fascista do que ele?
Na sua crónica do «Público», Rui Tavares diz que a direita passa a contar com três alternativas distintas: a da Iniciativa Liberal, que tem um ódio de morte ao Estado e quer que o mercado em tudo mande; o Chega que proclama guerra aberta ao Outro, que não seja ariano puro, mormente se for negro ou cigano; e passa a haver o CDS do Chicão, que quer acabar com todos os avanços civilizacionais, proibindo o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo género e subsidiando o mais possível as expressões marialvas do macho lusitano representadas nas touradas. Mostrando ao que vem o novo líder, excluiu as mulheres da sua direção executiva e reduziu-as a dez por cento dos eleitos para a comissão política nacional. A exemplo do que tanto defende o Vox em Espanha a mulher é para regressar rapidamente ao lar, tornando-se submissa dona-de-casa e mãe dos filhos, que Deus lhe der, mesmo que o marido se revele impotente.
O que entendo incorreta na interpretação de Rui Tavares é esquecer-se que a direita conta com a quarta alternativa no PSD, por muito desconhecidos se revelem as direções a tomar por Rui Rio - se é que ele próprio sabe se quer ir mais para a extrema-direita ou se para o tal centro, que ninguém sabe onde fica, mas onde se prometem passaportes para o outro lado da promissora estrada de tijolos amarelos. E, até como militante socialista que sou, há a contar com a direita do meu partido, essa corrente minoritária que tanto me exaspera, quando replica os comportamentos e opiniões, que só se entendem nessas direitas, desde a xenofobia mais primária até àquilo que Guterres em tempos condenou como as características dos boys for the jobs, que me motivam a, aqui no Seixal, ir votar na Lista B de Miguel Feio no próximo sábado, quando se eleger a nova Comissão Concelhia.

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