O figurão da fotografia ao lado chama-se Jens Stoltenberg e é o secretário-geral da NATO. Antes de assumir esse cargo foi primeiro-ministro norueguês pelo Partido Trabalhista, revelando o que de pior têm demonstrado os políticos ditos sociais-democratas, quando exercem o poder: mantèm discursivamente alguns floreados de esquerda, mas prosseguem uma governação claramente à direita com os resultados invariavelmente verificados quando tal sucede. Constitui regra quase axiomática que, entre a contrafação e os que são genuinamente de direita, os eleitores escolhem os segundos. Assim, mesmo depois da ridícula tentativa de evitar a derrota anunciada fazendo de taxista pelas ruas de Oslo a pretexto de “melhor auscultar as opiniões dos cidadãos”, acabou escorraçado, substituído pela oposição conservadora.
Não foi por muito tempo, porque quem manda na ordem internacional logo lhe arranjou proveitosa sinecura à frente da NATO. E Stoltenberg tem-se comportado de acordo com a vocação oportunista, sempre sua características. Mas por estes dias anda um bocado aflito com o que dizer. Por um lado o patrão mandou as aparências às malvas e assassinou o general iraniano sem ter sequer a «delicadeza» de informar os supostos aliados do que se preparava para fazer. Por outro não imagina como descalça a bota se os iranianos agirem de acordo com a legitimidade de quem se viu alvo de um ato de guerra e dá a devida resposta. Como conseguirá convencer os membros da organização, que têm de se pôr incondicionalmente ao lado do agressor por ser essa a obrigação ditada pelos Tratados?
Não é que vontade de ceder lhe faltasse, mas não sendo propriamente parvo de todo, Jens adivinha as imprevisíveis as reações de uma opinião pública europeia que, apesar de terem tantos comentadores e opinadores a manipulá-la, rejeitam liminarmente qualquer justificação para o ato de Trump que tenha outra explicação senão a de querer atirar areia para os olhos de quem possa ser confundido com a justeza da sua impugnação. É que por essa Europa há um vasto consenso em torno de uma apreciação muito próxima da que David Pontes escrevia por estes dias no «Público» “normalizar o assassinato de Estado é abrir o campo a todas as arbitrariedades, muito especialmente quando não existe uma situação de guerra declarada entre os dois países. (...) Não, não está em causa apoiar o regime iraniano, que deveria mudar radicalmente a bem do seu povo. O que está em causa é não deixarmos de afirmar os princípios básicos que devem reger as relações entre países e povos. É não deixarmos que o irracional se torne o normal.”
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