Os resultados das eleições internas do PPD não pressagiam nada de bom para o principal partido da oposição, ganhe Rui Rio ou Luís Montenegro. A clivagem entre os apoiantes de um e de outro mantém-se tão acesa, que a definição do vencedor em nada alterará o clima existente. Nem tão pouco a relação com o governo, porquanto depressa se esvaiu aquela ideia peregrina de ser o antigo autarca do Porto alguém mais capaz de negociar os mínimos denominadores comuns com quem assegura a governação do que persistir na reiterada demonstração de despeito por, há muito, não cheirar o pote. Desde que substituiu Passos Coelho, Rui Rio tem-se equivalido a Luís Montenegro no uso de argumentos intelectualmente desonestos a roçarem o populismo, culminando agora na convergência de pontos de vista relativamente ao grupúsculo neofascista da Assembleia da República com quem conta vir a estabelecer entendimentos futuros. Se compreendia-se em Montenegro essas «venturadas» propensões (no fundo fora o padrinho quem escolhera o candidato à autarquia de Loures nas últimas autárquicas!), Rio desconsiderou-se definitivamente com a escusa em estabelecer uma linha vermelha com quem tão ostensivamente contraria muitos dos princípios consagrados na nossa Constituição.
Estes dias não trazem apenas previsões de dificuldades para os partidos das assumidas direitas. No Livre a deputada Joacine nem sequer consta da lista de quase setenta nomes de entre os quais será escolhida a próxima direção. Se a gaguez suscitou justificada complacência inicial as sucessivas atitudes, que se lhe vêm conhecendo, confirmam-na como o erro de casting capaz de devolver o partido à merecida irrelevância.
Relativamente ao PAN há a crónica de Miguel Esteves Cardoso a deixar transparecer aquilo que poderá estar a ser o sentimento de muitos quantos nele votaram nas recentes eleições. Depois de se confessar arrependido de, por duas vezes, o ter apoiado, compromete-se a evitar uma terceira: “Como outros apoiantes, dispus-me a perdoar uma série de vaidosas estupidezes, pensando ingenuamente que eram vicissitudes de crescimento. Mas o PAN tornou-se megalómano e prepotente, sucumbindo à doença portuguesa do sebastianismo, julgando-se providencial, superior, inevitável, detentor da bondade e do futuro.”
Quantos dos eleitores do PAN poderão estar, por esta altura, a identificar-se com o texto do conhecido cronista, cuja profissão de fé agora conhecida, só confirma que nunca se tratou de uma organização política à esquerda, porque da direita se declaram muitos dos seus (antigos?) apoiantes...
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