Há dias no «Público», Francisco Louçã estranhava como tinham existido tantos economistas a aceitarem trabalhar com modelos de análise que tão divergentes se haveriam de mostrar relativamente à realidade. “Uma resposta é a religiosa: converteram-se a uma noção transcendente que afirma que os mercados têm sempre razão porque a razão do comportamento humano é o egoísmo ambicioso.”
O que se passa com a nossa imprensa está a atingir uma dimensão inaceitável: os melhores e mais experientes jornalistas foram saneados dos respetivos, jornais, revistas e televisões, só sobrando uma geração doutrinada na Universidade Católica, na AESE, na Faculdade de Economia do sr. Braga de Macedo e noutras instituições igualmente empenhadas em transmitir e promover a mensagem religiosa aludida por Louçã e, por isso, mantendo um ódio visceral contra este governo.
As direitas dos negócios andaram anos a fio a promover e subsidiar cursos, conferências, seminários e publicações, que lhes permitissem chegar, nesta altura, a um totalitarismo comunicacional, que faz das supostas tentativas de Sócrates para controlar a TVI uma mera brincadeira de meninos. O que as direitas fizeram para envenenar a opinião pública com o contínuo matraquear das suas supostas verdades irrefutáveis foi estratégia bem conduzida, melhor aplicada e que muito custará a desminar na sua perfídia.
Prosélitos de um neoliberalismo, cujo desenlace se recusam a antever - apesar dos sinais de rutura dele derivados na ascensão dos populismos - promovem o que é de mais antipatriótico, que possa constatar-se na vida política de hoje: a novela Centeno.
Compreende-se que as direitas façam do Ministro das Finanças o seu alvo preferencial: comprovando a sua qualidade técnica, que tanta sombra fizera a Carlos Costa, quando este o impediu de ter o cargo que, no Banco de Portugal, o seu mérito justificaria, deve-se-lhe a arquitetura macroeconómica que vem progressivamente melhorando, mês após mês, os indicadores medidos pelo INE. Desemprego, crescimento da economia, volume de exportações: até as agências de rating e a OCDE, mesmo a contragosto, vêm reconhecendo a solidez da mudança em curso.
Que bom seria para o PSD, para o CDS e para as muitas marionetas, comandadas por escondidos titereiros nos ecrãs televisivos que Centeno fosse obrigado a demitir-se! Tanto mais que se lhe deve, ainda, todo o conjunto de decisões governativas, que têm apoiado a recuperação da sustentabilidade da banca portuguesa, depois de ambos os partidos da direita a terem sujeitado a tratos de polé.
Que desaforo o do PSD em passar para o novo pasquim digital de economia a matéria sigilosa para a manchete com que hoje deu pasto à voracidade porcina de uns quantos zésgomesferreiras dos vários canais.
A esta cáfila de vende-pátrias de pouco interessa, que mentiras, como as por si profusamente espalhadas, sirvam de fósforo a quem olha para a economia portuguesa como o pirómano para o capim seco. Se o Diabo não se faz aparecido, eles cuidam de promover missas negras para o convocar.
E que dizer do CDS, o partido do irrevogável Portas, que até de Viena surgiu o Álvaro dos pastéis de nata a lembrar como o episódio da revogabilidade do irrevogável constituíra traição à pátria, sem esquecermos os escândalos com os submarinos e os financiamentos do tal Já-sinto Leite Cá-pelo Rego? Como têm sequer topete para virem chamar de mentiroso quem tanto tem zelado pelo interesse dos portugueses e nenhuma evidência fica das supostas intrigas em que o querem enlamear?
Em todo este episódio lamentável, só não posso compreender a macia reação do governo, que deveria convocar a imprensa para as oito horas pondo todos os portugueses a ouvirem ao início dos telejornais, que as direitas não estão apenas a fazer o que de pior se pode imaginar da «política politiqueira». Estão a causar prejuízos sérios a todos os portugueses, que se congratulam com uma Caixa Geral de Depósitos cem por cento pública e em recuperação depois de quase ter sido assassinada pelas (não) decisões de Maria Luís Albuquerque. Estão a fazer todas as sabotagens possíveis para que os juros da dívida cresçam, causando maiores dificuldades ao financiamento do país e de muitas das suas principais empresas. Estão a pedir a todos os santinhos que o paralítico alemão vire a atenção para Lisboa, agora que lhe deu para voltar a atacar a Grécia como forma de escamotear os prejuízos do Deutsche Bank
O Álvaro, chamam-me só Álvaro, esqueceu-se de imputar culpas a mais atores da vida política nacional: é que se o Paulinho das feiras anda a cuidar da vidinha à conta da agenda de contactos obtida durante a vigência do governo anterior, já pouco podendo lesar os interesses nacionais, quem cá deixou no partido para acolitar o despeitado e maligno Passos Coelho, não coloca a questão da traição à Pátria no Passado. Está diariamente a atraiçoá-la no presente e no futuro próximo! E é por isso mesmo que têm de ser vigorosamente desmascarados nos seus intentos!
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