No primeiro capítulo do seu livro, Jonathan Crary revela o interesse dos militares norte-americanos nas capacidades do pardal de garganta-dourada, que todos os anos fazem milhares de quilómetros entre o Alaska e o norte da costa mexicana do lado do oceano Pacífico para cumprirem os ciclos das migrações, que transportam nos genes.
O que tanto motiva a fileira militar da indústria norte-americana, associada às universidades a quem incumbem dos respetivos estudos, é o que explica a espantosa resistência dessas pequenas aves, capazes de se manterem em ativa vigília de sete dias e noites antes de chegarem aos seus destinos.
Se, relativamente ao ser humano, já se manifestaram tantos fracassos nas soluções químicas, genéticas e eletromagnéticas para o salvaguardar das consequências nefastas de longos períodos de privação de sono, o objetivo é o de encontrar nesses pardais a especificidade genética, hormonal ou outra, que os habilitam a tão desafiante viagem.
Não nos faltam testemunhos dos que, durante a ditadura fascista, sofreram horrores na tortura da estátua, que os levava até patamares de alucinação, que nunca julgariam possíveis. É esse tipo de efeito, que o Pentágono pretende evitar em missões dos seus comandos em zonas de conflito.
Se os industriais veem os robôs como alternativa aos instintos contestatários dos seus trabalhadores, os militares não conseguem substituir soldados por drones em todas as situações. Daí o interesse do braço armado do capitalismo ter ganho a obsessão de vencer o sono, de erradicar do género humano esse que ainda persiste em ser um dos seus direitos mais básicos.
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