terça-feira, 9 de março de 2021

Mais do mesmo, o que poderá ser um bom sinal!

 

Dispenso-me quase sempre de ouvir o que diz Marcelo. Nunca com ele simpatizei e não é nesta altura da vida, que vou mudar de opinião quanto à sua sobrevalorizada personalidade. Filho e afilhado de fascistas, soube reciclar-se nos padrões canónicos da Democracia, mas sem perder de vista os valores e a perspetiva ideológica das direitas, que tão opostas são relativamente ao tipo de sociedade onde anseio viver e em que sinta potencialmente mais felizes as minhas netas.

Desta vez, porém, abri exceção tendo em conta o sucedido da vez anterior em que um presidente se viu reconduzido para um segundo mandato. Quem esquece a guerra anunciada por Cavaco contra José Sócrates nesse dia em que soubemos toldado o futuro imediato pelo previsível acesso das direitas entroikadas ao que qualificavam como pote?

Talvez o sinal mais emblemático da razão porque talvez, desta feita, não se perspetivem grandes embates institucionais entre Belém e São Bento, seja o de Cavaco ter saído da cerimónia sem ter cumprimentado o reempossado sucessor. Por não ter gostado da passagem do discurso em que ele rejeitava expressamente a imagem do país amordaçado que, ridiculamente, quis colar à ação deste governo que execra? Por certo que sim, embora os antigos prosélitos, queiram desculpar-lhe a vindicta rancorosa a título de inexplicável distração. Mas, não excluindo a sua senilidade - que a sê-lo assim manifestada, de há muito data! - sabemos bem que tipo de (falta de)  carácter o norteia, não havendo assim novidade, que nos cause verdadeira admiração. Afinal, e apenas, o autoconvencimento de quem já de tudo se julga legitimado por se considerar inimputável das muitas malfeitorias, que foi acumulando no curriculum.

No geral o discurso de Marcelo foi apaziguador das tensões, que as direitas gostariam de vê-lo promover contra o governo, desarmando quem teima em criticar quem tudo tem feito dentro do possível para vencer as sucessivas vagas da crise pandémica e se vem confrontando com a permanente dose de imprevisibilidade das suas circunstâncias. A deslegitimação dessas críticas transforma em pólvora seca as munições, que as oposições consideravam deter para prosseguir o afã de sucessivos disparos contra o governo. Razão para se reconhecer genuína a tranquilidade de António Costa durante toda a cerimónia ou na intervenção depois feita perante os jornalistas.

Com tão incompetente oposição o primeiro-ministro sabe que os maiores desafios dos anos vindouros continuarão a ser os decorrentes da pandemia e os das ameaças ambientais, que obrigarão a decisões económica e socialmente exigentes. Com Marcelo a cumprir o seu papel de figurante, embora aparentemente com um poder que sabe não ter... 

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