Há aquele ditado português que diz da vantagem de nos juntarmos aos bons, porque melhores seremos, acontecendo o inverso se aos maus nos associarmos. Isso é particularmente verdadeiro se esses bons ou maus foram os meios de que nos servirmos para estarmos informados.
É conhecida a diabolização que certas figuras mediáticas fazem das redes sociais - Clara Ferreira Alves, Miguel Sousa Tavares ou Pacheco Pereira são três exemplos daqueles que se julgavam fadados para manipularem as opiniões alheias com alguma exclusividade e as veem fugir para outros suportes, que não os da sua ideológica preferência. Mas como refere Yves Citton, a quem ontem aqui aludi, as redes sociais possibilitaram a expansão das mentiras veiculadas pelo movimento QAnon, mas por outro lado deram ensejo a que dinâmicas de sentido contrário ganhassem ímpeto como sucedeu com o «Black Lives Matter».
Na escolha para nos informarmos importa sobretudo privilegiarmos o que nos der garantias de racionalidade, objetividade e preocupação em ser verdadeiro. Porque, como dizia, o sempre por mim muito citado Antonio Gramsci, só a verdade é revolucionária.
Ora o que verificamos com a imprensa que nos vem sendo servida? Por exemplo o caso da vacinação indevida de umas quantas pessoas, que causou particular sururu enquanto pareceu apenas verificada quando ligadas ao Partido Socialista mas estranhamente a perder gás desinformativo, quando se avolumaram as atribuíveis a quem se conotava com partidos das direitas? Arma de arremesso oportuna para quem sempre procura fazer do governo saco de boxe, mas que era bem de ver que, em muitos desses casos esteve em causa aquela célebre máxima de “em tempo de guerra não se limpam armas”, vacinando-se quem está mais a jeito como forma de evitar que se atirassem para o lixo as vacinas momentaneamente excedentárias. E, no entanto, assim se perdeu por exemplo um bom vereador que, em Lisboa, estava a fazer trabalho reconhecidamente competente!
Ou a complacência com que a mesma imprensa trata Rui Rio cujas incoerências se vão atropelando umas às outras, ora achando bem a segmentação das autárquicas em duas semanas, ora considerando-a sinal de desvalorização do PS quanto a essa consulta eleitoral, como ao mesmo tempo aprova um candidato para Gaia que é o maior acionista privado da SAD do F.C. Porto depois de ter dito da associação entre futebol e política aquilo que Maomé não ousara ir tão longe quando se tratara de esconjurar o toucinho.
Perante uma imprensa tradicional, que se revela tão pouco objetiva, e até mesmo mentirosa, como não se tornar inevitável a procura por fontes alternativas para buscar melhor informação?
Só a verdade é revolucionária, mas nem toda a verdade é revolucionária...
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